A abelhinha sem asas - Infantil
Nilza Monti Pires
Num
abelheiro, a tristeza era muito grande, a rainha das abelhas ficou tão doente
que a pobrezinha não resistiu e morreu.
Todas as
abelhinhas dessa colmeia ficaram desesperadas, além de gostarem muito da abelha
rainha, elas ficariam totalmente desamparadas, pois todas vivem em comunidade
em função da rainha.
Somente a
abelha rainha põe os ovos e sem a rainha a colmeia iria desaparecer totalmente.
Acontece que
antes de morrer, a abelha rainha deixou milhares de ovinhos que iam nascer em
breve.
- Que será de nós?! Disse uma das abelhinhas,
chorando.
Outra respondeu:
- Ainda temos uma esperança nesses ovinhos
que estão por nascer.
- Estou muito preocupada, se entre esses
ovinhos não nascer uma abelha rainha, nossa colmeia vai se extinguir. Indagou outra,
aflita.
- Essa ideia me apavora... Sempre fazemos tudo
com perfeição, construímos os favos, cuidamos dos ovos, produzimos o mel...
- Pois é, vamos torcer para que nesses
milhares de ovinhos nasça a nossa rainha. Concluiu uma das abelhinhas.
E assim passaram alguns dias e numa tarde
quente de verão nasceram as novas abelhinhas.
Ficaram todas na maior expectativa. A rainha
tinha que nascer!
Quando viram que a abelhinha rainha tinha
nascido, a alegria foi geral.
- Eu não falei que a rainha ia nascer!
Mas a abelhinha rainha nem se movia, nasceu
sem asas, enquanto os seus irmãozinhos já estavam voando.
Todas ficaram apreensivas. A imensa alegria
demorou pouco.
No dia seguinte, todas as abelhinhas operárias
que nasceram saíram tristemente voando de cá para lá, dançando, em zigue-zague,
pois na linguagem das abelhas elas comunicam umas às outras dessa maneira,
indicando onde se encontra o néctar das flores, matéria prima do mel, e também
avisando a presença de qualquer perigo.
A abelhinha rainha estava cada vez mais
fraquinha, não adiantava nem se alimentar com geleia real, estava entediada e
lamentava a triste sorte de não poder voar.
As abelhas operárias e os zangões também
lamentavam a triste sorte da abelha rainha e o destino cruel que reservava para
toda a colmeia, caso ela viesse a perecer.
As abelhas operárias se multiplicavam em
atenções, para preservar sua rainha que estava muito fraca.
Num certo dia chuvoso, surpreenderam a
abelhinha rainha numa poça de água, fazendo um zumbido tão alto que as abelhas
operárias correram em sua direção, para acudi-la, já que parecia estar se
afogando.
- Hoje estou muito feliz, disse a abelhinha
rainha.
Todas as abelhinhas não entenderam nada, mais
ficaram muito satisfeitas de ver sua rainha pela primeira vez feliz.
Aí uma abelhinha disse para outra:
- Coitada da rainha, ela se sente muito
humilhada por não poder voar. Mas gostamos dela assim mesmo, do que jeito que
ela é.
- É verdade, eu tenho observado isto. Mas,
para deixá-la um pouco mais feliz, até podemos construir uma pequena prensa no
corpo dela, duas chapas de madeira perfuradas de zinco e arame de ferro galvanizado
e assim ela vai poder voar com asas postiças.
Numa bela manhã, a abelha rainha avisou que
subiria no alto de uma montanha.
- Mas como? Dizia uma abelhinha operária
indignada. Você não tem asas!
- Vou subir numa montanha muito alta, onde
passa um rio, para apreciar a paisagem. Quero ver o mundo lá de cima, como
vocês veem. Respondeu a abelha rainha.
- Não faça isso... a montanha é muito alta e
além disso você pode cair e se afogar no rio.
E assim a abelhinha rainha começou a subir a
montanha, acompanhada por outras abelhas, que voavam à sua volta e tentavam
dissuadi-la. Nada, porém, detinha a abelha rainha. O percurso era difícil,
levou mais de duas horas para subir. De lá de cima se ouvia o barulho da água
do rio.
Outras as abelhas, no entanto, ficaram ao pé
da montanha, de olhos fixos, vendo a abelha rainha subir palmo a palmo a
montanha.
- Desista! Gritavam as abelhinhas operárias e
os zangões.
- Ah! eu não quero nem ver. Se ela cair de
tão alto, não vai sobrar nada.
- Já temos tantos problemas!
- Por que ela não muda de ideia?
- Fraca do jeito que ela está é bem capaz de
cair mesmo.
- Xiiii.... Ela caiu mesmo! Vem descendo
girando que nem um parafuso!
Quando a abelhinha rainha estava quase
chegando rente ao chão, perto das outras abelhinhas, com tanta precisão e
exatidão abriu suas lindas asas e começou a voar.
- Vejam, a rainha está voando... Como
pode?!!!
- E que belas asas! E tão fortes!
E todas foram ao encontro da abelha rainha
felizes da vida.
- Como conseguiu voar, abelha rainha, e de
onde saíram estas asas?
- Descobri que minhas asas estavam coladas.
Naquele dia em que choveu, eu fui sentir a água da chuva e as asas descolaram.
Por isso, eu estava tão feliz.
- Agora nós entendemos.
- Mas porque subiu tão alto, se arriscando
para mostrar suas belas asas?
- Queria fazer uma surpresa. Queria mostrar
que tenho asas e sou igual a vocês.
- Ora, você é a nossa rainha, gostamos da sua
perseverança, capacidade e inteligência! Para nós, pouco importa se você tem
asas ou não. Gostamos de você de qualquer maneira.
- Vamos brindar, disse a rainha, com a nossa
geleia real, essa bebidinha perfeita, poderosa e muito nutritiva, que só nós
sabemos fazer!
E a colmeia viveu feliz para sempre.
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