sexta-feira, 1 de novembro de 2019

A Flautinha Mágica

Por Nilza Monti Pires

Aninha era uma menina amável e muito bondosa. Nasceu e cresceu num vilarejo perto de um rio ao pé de uma floresta.


Morava com seu avô de quem ela gostava muito.

Aninha tinha dois amiguinhos, o Hamster, um roedor de hábitos noturnos, que andava solto pela casa, e uma gatinha chamada Gigi.

Quando Aninha ia para a escola, sempre levava sua flauta doce e ia tocando pelo caminho, entre as árvores gigantescas e cheio de flores e cores, acompanhada pelo belo canto dos alvoroçados passarinhos, que a seguiam como sempre, e também todos os animais corriam agitados e alegres fazendo uma grande algazarra para ver a menina tocando uma linda melodia na sua pequena flauta.



Ao passar pelo Rio das Águas Claras, cheio de orquídeas agarradas aos imensos troncos das árvores, sentindo o perfume agradável de alfazema exalado pelas flores, avistou bem à beira do rio uma estátua branca que nunca tinha antes visto por ali, bem na margem do rio.

Chegando perto da estátua ficou deslumbrada e perplexa de tanta beleza e tanta perfeição. Ao chegar frente a frente com a estátua, Aninha não se conteve e exclamou:

- Como você é bonita!



E na mesma hora a estátua respondeu:

- Você também é bonita e talentosa, pois toca maravilhosamente bem.

- Obrigada, disse Aninha. Mas o que está fazendo neste lugar tão isolado? Nunca vi você por aqui!

- Eu sou uma estátua que veio da França.

- Da França!!! Como veio parar aqui nesse lugar tão distante?

- Surgiu um imprevisto e me deixaram aqui provisoriamente mas logo virão me buscar.

- E para onde você vai?

- Sei que vou enfeitar um jardim mas não sei aonde, por enquanto não posso aparecer por lá, pois vai ser uma surpresa. É isso o que eu sei.

Aninha estava tão emocionada que acabou esquecendo as horas, mas os seus amiguinhos estavam atentos.

- Aninha, já está ficando tarde, vai perder a aula, disse a gatinha Gigi.

- Ah! Preciso ir embora, já estou atrasada, tenho que ir. Antes posso te dar um abraço?

- Claro! Não me esquece, disse a estátua, quero ouvir sua linda melodia novamente.

- Não vou te esquecer, é tão linda e formosa!

Aninha deu um abraço carinhoso, um beijo e continuou o seu caminho tocando a flauta muito contente e feliz.

Quando Aninha voltou para casa, os seus amiguinhos já estavam esperando.

- Tenho uma coisa muito importante para te dizer, disse o Hamster.

O roedor pensou um pouco e depois falou:

- Tenho dois desafios para você.

- Dois desafios para mim? respondeu a Aninha.

- Sim, dois desafios.

- E quais são esses desafios? murmurou Aninha intrigada.

- O primeiro desafio, respondeu o Hamster, você vai ter que ficar do meu tamanho e virar um ratinho.



Aninha teve um impacto e retrucou:

- Espera aí, vou ter que ficar do seu tamanho e ainda virar um ratinho?

- Exatamente! disse Hamster.

- E qual é o segundo desafio? indagou Aninha preocupada, arregalando os olhos.

- No segundo desafio, você vai ter que tocar a flauta mágica, mas não aqui!

- Tocar a flauta, isso é bom, mas aonde eu vou tocar? disse Aninha surpresa.

- Na festa da Rainha Onça Pintada I.

- Na festa da Rainha Onça Pintada I? exclamou Aninha, com certa ironia.

- Sim, é só uma noite, uma passada rápida, voltaremos antes do amanhecer. A Rainha Onça Pintada I vai dar uma grande festa. Vai ter muitos convidados famosos e vão adorar ouvir sua música e você vai gostar de ir também.

- Hum, não posso sair daqui, preciso ficar com meu vovô.

- Garanto que o seu avozinho nem vai perceber.

- Mesmo assim estou temerosa, disse Aninha.

- Sabe, Aninha, disse Hamster, vou contar uma coisa: estou com muita pena da Rainha Onça Pintada I. Ela anda muito aborrecida.

- Aborrecida, por quê?

- Porque ela está cansada de muitas lutas, está ficando velha e quer descansar. Também quer passar o seu reino para o seu filho. Ela falou que a selva não pode ficar sem um reinado que governe todos os animais.

- Mas se o filho vai governar... Oras, a Rainha Onça Pintada I não precisa ficar aborrecida!

- O pior de tudo é que seu filho não quer ser rei. Ele está desanimado e indiferente, sei lá, ele é muito cabeçudo.

- E por que eu tenho que tocar na festa?

- Porque a música faz milagre e, como você toca em sua flautinha encantada maravilhosas melodias, o filho da rainha vai ouvir e vai sentir um grande estímulo. Garanto que ele vai se animar e vai deixar de ser teimoso e irredutível, e não vai ter mais desculpas ardilosas para não reinar.

- Mas eu acho arriscado, estou sem coragem, disse Aninha.

- Sei que é difícil, porém, eu combinei com a rainha que você iria e ela preparou uma grande festança, com deliciosos quitutes, uvas, amoras, açaí, um verdadeiro banquete.

- Tá certo, disse Aninha. Quando vai ser a festa?

- É hoje à noite. Vamos embora quando escurecer. Vai ser uma jornada e tanto e você vai virar um ratinho.

- De que jeito vou virar um ratinho?

- É muito simples, vou usar o meu raciocínio lógico, um número atômico, subtrair em frações matemáticas e transmitir esses sinais por ondas magnéticas para o seu cérebro.

- Puxa, que complicado esses números e sinais abstratos. Será que vai dar certo? Por que eu não posso ir como eu sou?

- Infelizmente não vai poder, porque você é muito grande e vamos ter que passar num caminho que tem uma grade quadrada muito pequena e com buracos bem miudinhos.

- Mas e a minha gatinha Gigi? Ela é bem gordinha, não quero deixar meu bichano aqui.

- Ela também vai. Não é, Gigi?



- Sim, também vou, respondeu a Gigi. Não precisa ficar encucada nem preocupada, vou passar tranquila pela grade, meus bigodes indicam o tamanho certo do buraco a ser atravessado. Ainda bem que nunca foram cortados, senão eu não teria noção espacial! Pode deixar que eu vou atravessar com tanta precisão, enquanto estou correndo eu faço os cálculos, e vou passar de forma astuta em segundos. Viu só?

- Eu não entendo nada desta lógica dialética, disse Aninha, só quero que vocês usem o bom senso e sejam menos vaidosos.

Quando anoiteceu o Hamster chamou Aninha e falou baixinho:

- Eu e a Gigi já estamos prontos e já podemos ir. O vovô já está dormindo.

- Estou preocupada. E se eu não voltar a ser gente novamente? disse Aninha.

- Não precisa se preocupar, meu cérebro já programou tudo, o encanto vai acabar quando chegarmos à festa, e você vai ter que virar gente para tocar a flauta.

- Está certo, então vamos! disse Aninha.

- Preparada para virar um rato?

- Sim, estou preparada.

- Agora vou falar os números atômicos.

- Que números são esses? perguntou a Gigi.

- É segredo. São números exatos, precisos e é isso. Então, concentre-se já, Aninha. Lá vai: XXX-005-ZÁS-XXX-004-TRÁS Três, Dois, Um, Já!!!


Houve uma explosão e uma grande fumaça cinzenta invadiu toda a sala e a Aninha virou um ratinho junto com a sua pequena flauta.

- Deu certo, gritou o Hamster radiante, meus cálculos deram certo!!!


- Nossa! exclamou a Gigi, parecia uma explosão nuclear! Que cálculo certeiro, inacreditável!

- Agora temos que ir, disse o Hamster, quero ser pontual como é do meu costume.

E aí os três correram rápido demais, passando velozmente pela pequena grade quadrada que estava no meio do caminho. Ofegantes, pararam numa fonte de água doce para beber um pouco d'água.

- É só dar um gole, disse o Hamster, não podemos perder tempo.

Mais adiante, no caminho, tinha uma moita cheia de espinhos, ao passar Aninha sente uma picadinha.

- Ai!!! gritou Aninha, senti um espinho me espetando. Por que você não me avisou dessa touceira? falou indignada.

- Ué, você não tem espírito de aventura? É só um pequeno trecho!

Assim que passaram dos espinheiros, Aninha parou e pensou... E aí se deu conta e falou:

- Ei, Hamster, você disse que iríamos à festa da Rainha Onça Pintada I.

- Sim, a Rainha Onça Pintada I é muito minha amiga. Sempre vou lá. Mas o que tem a festa?

- A festa é na Amazônia! indagou Aninha.

- E é para lá que vamos.

- Você está doido, lembra que temos que atravessar o rio Amazonas, e é muito longe, estamos há quilômetros de distância, e o rio Amazonas é enorme, e vai levar dias para chegar lá.

- Fica tranquila, o maior peixe do mundo de água doce, o Pirarucu, vem nos buscar e levar até lá.

- Aonde vamos nos segurar, ele não é um Transatlântico!

- Pode deixar que ele tem suas habilidades. Vamos entrar na boca dele e suas guelras vão nos segurar... Um transatlântico é chinfrim perto dele!

- Mas mesmo assim vai demorar muito para chegar lá.

- Ele é muito ágil e sabe de um atalho que chega rapidinho. Ele é meu amigão e sempre me leva lá.

- Só quero ver, disse Aninha.

Quando chegaram perto do rio, lá estava um enorme peixe os aguardando.



A Gigi ficou espantada com um peixe tão grande, pois o peixe era sua comida preferida.

- Que bom que já está aqui amigão, disse o Hamster.

- Sim, como combinamos, amigo. Podem entrar na minha boca que levarei vocês com segurança. Sou vigoroso e adoro ir até Amazônia, pois lá é a minha casa.

Todos entram na boca do peixe, que numa rapidez pegou um atalho pela corrente fria de um afluente do rio Amazonas, cheio de curvas, num zigue-zague só, nas ondas da poderosa pororoca, o Pirarucu, com sua façanha e proeza, chega pontualmente.

Aninha ficou surpresa, pois chegaram muito rápido e, quando desceram, era só alegria e satisfação.

- Oi, amigão, disse o Hamster, para o peixe Pirarucu, não quer ir à festa com a gente?

- Não, prefiro ficar por aqui, adoro essas bandas. Não esqueça, antes do amanhecer, voltarei para levar vocês de volta.

- Obrigado, amigão, estaremos de volta antes do sol nascer.

- Onde é a festa? perguntou Aninha.

- É bem no topo da montanha. Temos que escalar. As onças pintadas adoram as montanhas e a festa é lá bem no alto.

E assim subiram a montanha escorregadia.

Aninha já estava cansada.

- Poxa, não chega nunca, disse Aninha, ainda se eu fosse gente, subiria num instante, mas como rato tenho as perninhas muito curtas.

- Aninha para de reclamar, disse o Hamster. Veja, já chegamos!

- Nossa, os vaga-lumes estão iluminando a festa, disse a Gigi.

- Que lindo e engraçado, é um inseto que tem luz... Ei, Hamster, chegamos à festa e ainda sou um rato. Eu não iria virar gente?

- Calma, Aninha, ainda não é hora, tenha paciência.

A festa estava muito animada e cada vez chegava mais convidados de todos os cantos da terra.

Lá avistaram a Rainha Onça Pintada I, sentada no trono acenando para que todos entrassem. Os portões começaram a se abrir.



- Pode entrar o primeiro convidado, disse a Rainha Onça Pintada I, e se apresentar.

- Eu sou o escaravelho, Majestade, sou um besouro sagrado egípcio, dou muita sorte, pois sou considerado o símbolo da sorte.

- Ótimo, pode entrar e seja bem-vindo.

A Rainha Onça Pintada I acenou a cabeça para o outro convidado entrar.

- Majestade, eu também sou um besouro, um besouro-rinoceronte, o inseto considerado o mais forte do mundo. Vim prestigiar a festa.

- Agradeço sua presença, falou a Rainha Onça Pintada I. Pode entrar o próximo.

- Eu sou bicho-preguiça, durmo o dia todo, desci da minha árvore preferida, a Umbaúba, para ver a coroação de seu filho, o futuro Rei.

Logo em seguida entrou o outro convidado.

- Eu sou a cobra surucucu, estou muito curiosa para ver a coroação do novo rei, moro numa floresta densa e vim me arrastando até aqui.



- Obrigada, disse a rainha. Gritou: O próximo!

- Agora somos nós, disse o Hamster.

Neste momento a Aninha começou a crescer, crescer, até virar gente.

A Gigi miou feliz de ver a Aninha gente outra vez.

- Eu falei que meu raciocínio lógico não falha, falou entusiasmado o Hamster. Sou um gênio, sempre acerto!

- Próximo! gritou novamente a rainha.

Mas a rainha quando viu o Hamster abriu um grande sorriso.

- Eu sabia que você viria, meu grande amigo!

- Vossa Majestade, é com grande prazer que estou aqui. Como prometi trouxe a flautista e a sua inseparável gatinha Gigi.

- Que alegria, meus caros, sejam bem-vindos.

A rainha chamou o Hamster de lado e foi conversar com ele.

- Vou confessar, disse a rainha, estou muito triste, magoada, desanimada, fiz esta linda festa como você sugeriu e meu filho não quer sair do seu aposento, está apático, insatisfeito e recusa ser Rei. Está muito teimoso.

- E agora? disse o Hamster. E esses convidados importantes, que vieram de longe para ver a coroação do seu filho?

- É isso que está me preocupando, o que vou dizer a eles, que estou velha cansada, não consigo mais lutar... Isso vai ser um grande desgosto para mim.

- Sim, realmente, é constrangedor dizer que o filho da rainha não quer ser rei. Mas como eu prometi, trouxe a flautista com sua flauta mágica.

- Nem sei como agradecer, meu amigo.

E assim a rainha continuou recebendo os convidados.

A festa estava um sucesso, animada com muita fartura, sobremesas finas, tudo excelente.

Mas faltava o filho da rainha.

- Ei, Aninha, pode tocar sua flauta doce, disse o Hamster.

Aninha pegou sua pequena flauta e começou a tocar uma linda música. De repente, surpreendentemente, apareceu o filho da rainha, elegante com seu traje esmerado. Queria ver quem estava tocando tão bela melodia.

- Não resisti, disse o filho da rainha, senti tão disposto e animado que vim ver quem tocava essa agradável melodia. Estou feliz por conhecer uma menina cheia de talento e simpatia.

A Rainha Onça Pintada I, quando viu o seu filho aparecer na festa, sua felicidade foi imensa e deu um grande suspiro de alívio.

De repente no meio da festa, ouviram um barulho de bater de dentes muito forte e constante. Eram queixadas bem nervosas, que batiam os dentes sem parar, cada vez mais forte. Eram muitas, centenas, com seus dentes afiadíssimos, com seus olhos assustadores e fixos para atacar todos que estavam na festa.


Todos os convidados pararam de dançar, apavorados e desesperados, corriam para todos os lados, atropelando um aos outros.

Quando as selvagens queixadas iam dar o golpe final e atacar, o jovem Príncipe Jaguar, filho da Rainha Onça Pintada I, arrojado, audaz, estufou o peito e deu um tamanho rugido, tão alto, terrível e poderoso, que a terra estremeceu com muita intensidade.


E aí formou um vendaval, uma ventania, um assovio agudo do vento muito forte, as árvores balançavam quase até o chão, as folhas voavam se espalhando pelos ares.

Quando as queixadas perceberam a ira e a força do jovem Príncipe Jaguar, ficaram apavoradas e suplicaram pedindo clemência.

O jovem Príncipe Jaguar mostrou sua nobreza, sua descendência ilustre, das classes dos Nobres, e perdoou as arruaceiras queixadas.

As queixadas agradeceram e reverenciaram que ali tinha um novo rei e fugiram num só fôlego.

Aí voltou a paz e a tranquilidade. E a festa continuou animada.

A Rainha Onça Pintada I, enaltecendo a coragem de seu filho, nomeou-o como o novo Rei Jaguar II e todos brindaram felizes.

- Viva o novo Rei! gritaram.

Em certo momento da festa, a gatinha Gigi chama a Aninha, que ainda tocava sua flauta animada, e fala baixinho:

- Estou preocupada, Aninha, já está quase clareando o dia, precisamos ir embora o mais rápido possível.

- É verdade temos que ir já, vamos chamar o Hamster.

- Ei, Hamster, cutucou Aninha, você está dormindo, precisamos ir embora, esqueceu que temos que voltar antes do dia clarear.

- É mesmo! Comi exageradamente, falou o Hamster ainda sonolento, acabei pegando no sono.


Aí o Hamster lembrou:

- Nossa, temos que ir embora! Vamos nos despedir da nossa amiga rainha.

Encontraram o jovem novo rei rodeado pelos convidados, que faziam fila para cumprimentá-lo, pela coragem de enfrentar tão grande perigo e pela vitória sobre as queixadas.

Aí o Hamster falou:

- Temos que ir embora. Se ficarmos na fila para cumprimentar o Rei Jaguar II, não vai dar tempo. Já já vai clarear o dia. Vamos nos despedir apenas da nossa velha amiga, a Rainha Onça Pintada I.

Assim que viram a rainha, o Hamster disse para ela:

- Estamos indo embora. Ficamos muito felizes por seu filho valente e destemido. É um rei digno de Vossa Majestade.

- Eu agradeço a vocês três, disse a rainha, agora estou muito contente e satisfeita. Você tinha razão, a Aninha com sua flauta mágica fez meu filho o meu sucessor. Estou velha, cansada e nunca enfrentaria aquelas queixadas baderneiras. Quero presentear Aninha com este raminho de pequenas florzinhas azuis.



- São lindas, obrigado, adorei, disse Aninha.

- Adeus, minha amiga rainha, disse o Hamster, assim que pudermos, voltaremos. Manda nossos comprimentos para o seu filho.

E assim foram embora.                                                 

E no meio do caminho Aninha disse:

- Ei, Hamster, esqueceu que eu tenho que virar um ratinho.

- É mesmo, estava tentando lembrar que eu tinha uma coisa para ser feita... Mas, Aninha, não estou conseguindo lembrar os números atômicos...

- Como assim não consegue lembrar?

- Acho que estou ficando velho.

- Tenta lembrar, disse Aninha aflita.

- Estou tentando mas os números aritméticos estão incorretos!

- Usa o seu raciocínio lógico, disse Aninha apreensiva, já está clareando o dia.

- Dá mais um tempo, Aninha, acho que eu dormi demais.

Aí a gatinha Gigi vendo a angústia de Aninha falou:

- Hamster, esses números atômicos não seriam por acaso XXX-005-ZÁS-XXX-004-TRÁS Três, Dois, Um, Já?!!!


Ao falar isso houve uma explosão, uma grande fumaceira e Aninha virou um ratinho.

- Como você descobriu minha fórmula secreta? questionou o Hamster, desconfiado e curioso.

- É simples, usei o bom senso e solucionei o problema com facilidade.

A alegria da Aninha foi imensa:

- Obrigada, agradeceu beijando a Gigi com carinho. Que alívio, você foi muito espertinha!

- Agora temos que ir embora bem rapidinho, disse o Hamster.

E assim fizeram tudo de volta, desceram a montanha, o peixe Pirarucu já estava esperando, passaram pelo espinheiro, não viram a estátua, que não estava mais lá – no local de antes –, passaram pela grade e conseguiram chegar antes do sol nascer.

Estavam tão cansados, exaustos e ofegantes, que dormiram na sala quando Aninha foi acordada pelo seu avô.



- Acorda, Aninha, o dia já amanheceu.

Aninha acordou assustada, olhou para suas mãos, seus pés e ficou aliviada. Já não era mais um rato.

- Que bom te ver avozinho, levantou e abraçou ele com carinho.

- Que felicidade, Aninha, ontem eu saí e comprei um casaco vermelho para você, veio com um broche de bichinho, espero que goste.


- Que lindo, vou experimentar!

- Vou te ajudar, disse o vovô. Nossa um espinho na sua roupa! Espera, vou tirar.

- Um espinho, vovô? Obrigada por tirar. Eu também trouxe um presente para colocar no seu jardim.

- Que lindas flores, são miosótis. Sempre quis ter no meu jardim. Na primavera o meu jardim vai ficar lindo. Onde você as encontrou?

- É segredo, vovô.

Depois de regar as flores, o vovô chamou a Aninha.

- Aninha, no Jardim da Luz haverá uma grande festa, vamos até lá?

- Que festa é essa vô?

- Vão comemorar a inauguração de uma linda estátua que veio da França, estão fazendo suspense, gostaria de ver.

- Uma estátua que veio da França! Claro, vou pôr o meu casaco vermelho e vamos já, vovozinho.

Aninha deu uma piscada para o Hamster e a Gigi.

Assim, lá foram eles ver a estátua numa alegria só.

Quando chegaram tinha realmente uma grande festa.

Lá estava a estátua num pedestal.

A estátua ouviu o som da flauta e reconheceu logo a Aninha e deu um grande sorriso.

- Sabia que vocês viriam me ver, estou muito feliz, disse a estátua.

- Eu também, respondeu Aninha. E estou ainda mais contente, pois este jardim é o caminho da minha escola e aí vou poder te ver todos os dias.

- Que bom, disse a estátua sorrindo, mas da próxima vez me convida para a próxima aventura.

- Claro, que vou te convidar, disse Aninha.

Depois de algum tempo, todos estavam felizes, mas já anoitecia quando foram embora.

- Vozinho, perguntou a Aninha, você viu a estatua conversando comigo?

- Desculpe, minha netinha, eu estava distraído.

Aninha então sorriu para os seus dois amiguinhos e foi tocando sua flauta mágica pelo caminho entre as árvores gigantescas cheias de flores.



*****
Ilustrações: Sabrina Paloma (Aninha, Rainha Onça, Pirarucu, Queixada e Estátua), Annina Ramona (Gigi, HamsterMenina Rato); Paula Vanessa (Vovô, Escaravelho e casaco vermelho); e Jean (Jaguar).

Revisão: Nilza, Diego, Paula Vanessa e Jean.

Nota dos editores do blog: A Floresta Amazônica é um patrimônio da humanidade, vital para a sobrevivência do planeta, da fauna e da flora. Coube aos brasileiros a missão honrosa de cuidar e proteger a floresta, mas os recentes desastres ambientais e incêndios na Amazônia reacenderam um alerta de que não estamos fazendo direito nosso dever de casa. A data 29 de novembro é o Dia Internacional da Onça Pintada e durante todo o mês de novembro haverá homenagens ao maior felino das Américas para nos lembrar de que devemos preservar o meio ambiente e a fauna silvestre que está em risco de extinção.



Este bicho-preguiça (abaixo) foi visto em cima de um ponto de ônibus na cidade do Guarujá, São Paulo. Temos que respeitar a casa dos bichinhos e não invadir a área de proteção ambiental para fazermos as nossas cidades. Assim, todos ficam felizes!

   

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