sábado, 15 de outubro de 2022

"Eu versos eu" - (Parte 8) - Antologia

 

Antologia poética

Caderno 2

[perdido]

 

Caderno 3

1.

Não dá mais pra continuar

Tomei uma decisão

Eu vou embora

 

A princípio

Para qualquer lugar

 

Tentar a sorte

Eu não queria ir... embora

 

Porém, é inevitável

Acabou!

Tenho que aceitar o vazio

Mas dói muito

 

Por isso a decisão

Abandonar tudo

Até as minhas lembranças

Nada

Em minhas memórias

 

Começarei tudo outra vez

 

Impossível esconder agora

O medo que sinto em partir

De fracassar outra vez

 

Mas cheguei ao meu limite

Que ultrapassei

E encontrei

Ainda

Esperança

 

Vou fazer vinte sete anos

E não posso mais ficar aqui

 

Ai que tristeza!

Nenhum de meus sonhos

Nenhum de meus sonhos

Foram reais

 

Dei o melhor de mim

E isso é o que mais me entristece

 

Sempre começo o ano

Com muita esperança

 

Neste ano

Comecei cético

 

Mas a esperança está depois de mim

Vou deixar tudo pra trás

 

Talvez, um sorriso

Um sorriso triste

Sorriso de tristeza

 

Meu coração saiu de mim

 

2.

Amar, a ponto de querer morrer

 

Eu amo, sim

Amo perigosamente

 

Amo ante um abismo

 

Devastadoramente, assim

 

Amor febril, vertiginosamente

 

Em mim

 

Não posso voltar atrás

Cheguei no alto, bem no alto

 

Se a realidade é produto mental

O mundo verdadeiro

Está salvo

(Eu não)

 

Mas se a realidade for exatamente

Como a realidade é

O mundo implodirá

Nos meus sonhos

 

Justamente no terreno do amor

O egoísmo não é imoral

 

Eis o lado sombrio de amar

Não é proibido fazer o mal

 

O lado sombrio do amor

 

Queda abismal

 

O mundo civilizado

Não é uma selva

Mas como se negligencia

Justamente o amor

É o pior dos mundos

 

3.

Há um passo da queda

De olhos fechados

Propositalmente, fechados

Dor profunda

Vontade de pular

 

Mal-estar intenso

Meu corpo ferve

Suando, em febre

Por me fechar

No profundo

De mim mesmo

 

4.

Eu parti

Caí no mundo

Sem amor

Sem ninguém

Sem destino

Sem casa

 

Este está sendo, com toda certeza

Um dos anos mais tristes da minha vida

O mundo está árido, seco, fervendo, triste

 

E o tempo, indiferente ao meu desespero

Passa e me leva

 

5.

Fazia muito tempo

Que não voltava pra casa

Não morava mais lá

Ao entrar, pensei

A minha casa construiu o homem que eu sou

Deitei na minha antiga cama

Sob os raios do sol

Que entravam pelas frestas da janela

E descansei como uma criança

A criança que eu fui

Depois, ao andar pelo quintal

Me senti menino

O menino que eu sou

 

Na geladeira havia um refrigerante

Com gosto de amor

Tudo parecia pertencer

A um passado tão vivo

Do menino que virou homem

 

Tudo estava arrumado

Como se me esperassem

Quando cheguei

A sala, os quartos, a cozinha

Emanavam um ar melancólico

Triste, com saudades

O tempo gastou a alegria

Do tempo passado

Tornando ruína

Mas, a cada passo, tudo ganha cor

Como antes agora

Me sinto feliz

Ao atravessar o portão

Minha mãe me disse

Eu fico feliz quando vocês vêm para cá

No quintal, olhei o céu

Algumas andorinhas voavam

Fiz vinte e sete anos

 

6.

Todas as cartas de amor

Amarelaram com o tempo

E se antes eu as lia

Toda hora, todo instante

Hoje, de quando em quando

Desdobro algumas

Corro os olhos

Pelas frases tíbias

Penso

Dobro de novo

E sinto saudade

 

7.

Não sou poeta

Nos meus versos

Arrisco

Escrever versos

Que sou eu

 

8.

Sou óbvio

Para que pensem

Que sou óbvio

E que não pensem

Outra coisa

Apenas o óbvio

 

Me faço de óbvio

Para que pensem

Que o óbvio

E façam do errado certo

E da certeza erro

E deste modo nunca sou óbvio

 

9.

Quem quer amar um amor

Proibido

Quem quer amar um amor

Proscrito

Um deserto, de amor

Beijos que são oásis

Paixão inalcançável, miragem

Carícias que são espinhos

Quem quer amar como louco

Beijar lábios ásperos, espinhos

Quem quer amar como louco

Beijar, beijos que são tortura


10.

Meu humor varia

Como as estações do ano

Independente da minha vontade

Nela nada mando

Solto

Força sazonal

Em mim

Sem abrigo

Numa noite de inverno

Mais fria é a solidão

Alegria antes florida

Calor paixão de

Alma servil

Vulnerável a tudo que sinto

 

sábado, 1 de outubro de 2022

Ode ao sabonete de pobre

Por Jean Pires de A. G.

 

Pedra sabão

Sábado sim

Sábado não

Balde de água

No coco

Banho de gato

No couro

Sábado clean

Sapo na mão

Sabão-de-macaco

Mico-leão

Árvore-sabão

Pato babão

Sabão-de-soldado

Bicho Papão

Fruta-sabão

Chulé de alemão

Sabão

Sabãozinho

Sabão

Saboeiro

Saboneteiro

Bananeira

Corneteiro

Saboneteira

Acabou o sabonete de luxo

O troco é pra encher o bucho

Dedico esta ode

Ao sabonete de pobre

Inodoro

Pedra sabão

Insolúvel

É solução!

Se Leon Tolstoi escrevesse no século XXI, apenas tirando o I do meio do século XIX e o empurrando para o lado direito dos dois Xs, o grande escritor russo perceberia que as economias prósperas do mundo são sempre iguais na fartura. Mas quando uma crise econômica aperta, cada país vive as suas mazelas à sua maneira. Ou seja, quem pode, pode; quem não pode se sacode.

As perspectivas de crescimento da China não são boas; segundo o FED, os EUA correm o risco de transformar o boom americano em um colapso; as famílias da Europa estão enfrentando uma crise no custo de vida; e a situação nunca foi boa mesmo nos países emergentes, como o Brasil, onde a fome voltou a assolar os mais pobres.

Mas definir uma recessão em uma escala global não é tarefa fácil. Os economistas preferem caracterizar uma recessão mundial como um período em que o cidadão médio experimenta uma queda significativa em sua renda real.

Seja como for, com a inflação em alta, os preços nas alturas, desemprego e pouco dinheiro no bolso, o jeito é usar o humor e usar a criatividade para superar a crise.