Caderno
2
[perdido]
Caderno
3
1.
Não
dá mais pra continuar
Tomei
uma decisão
Eu
vou embora
A
princípio
Para
qualquer lugar
Tentar
a sorte
Eu
não queria ir... embora
Porém,
é inevitável
Acabou!
Tenho
que aceitar o vazio
Mas
dói muito
Por
isso a decisão
Abandonar
tudo
Até
as minhas lembranças
Nada
Em
minhas memórias
Começarei
tudo outra vez
Impossível
esconder agora
O
medo que sinto em partir
De
fracassar outra vez
Mas
cheguei ao meu limite
Que
ultrapassei
E
encontrei
Ainda
Esperança
Vou
fazer vinte sete anos
E
não posso mais ficar aqui
Ai
que tristeza!
Nenhum
de meus sonhos
Nenhum
de meus sonhos
Foram
reais
Dei
o melhor de mim
E
isso é o que mais me entristece
Sempre
começo o ano
Com
muita esperança
Neste
ano
Comecei
cético
Mas
a esperança está depois de mim
Vou
deixar tudo pra trás
Talvez,
um sorriso
Um
sorriso triste
Sorriso
de tristeza
Meu
coração saiu de mim
2.
Amar,
a ponto de querer morrer
Eu
amo, sim
Amo
perigosamente
Amo
ante um abismo
Devastadoramente,
assim
Amor
febril, vertiginosamente
Em
mim
Não
posso voltar atrás
Cheguei
no alto, bem no alto
Se
a realidade é produto mental
O
mundo verdadeiro
Está
salvo
(Eu
não)
Mas
se a realidade for exatamente
Como
a realidade é
O
mundo implodirá
Nos
meus sonhos
Justamente
no terreno do amor
O
egoísmo não é imoral
Eis
o lado sombrio de amar
Não
é proibido fazer o mal
O
lado sombrio do amor
Queda
abismal
O
mundo civilizado
Não
é uma selva
Mas
como se negligencia
Justamente
o amor
É
o pior dos mundos
3.
Há
um passo da queda
De
olhos fechados
Propositalmente,
fechados
Dor
profunda
Vontade
de pular
Mal-estar
intenso
Meu
corpo ferve
Suando,
em febre
Por
me fechar
No
profundo
De
mim mesmo
4.
Eu
parti
Caí
no mundo
Sem
amor
Sem
ninguém
Sem
destino
Sem
casa
Este
está sendo, com toda certeza
Um
dos anos mais tristes da minha vida
O
mundo está árido, seco, fervendo, triste
E
o tempo, indiferente ao meu desespero
Passa
e me leva
5.
Fazia
muito tempo
Que
não voltava pra casa
Não
morava mais lá
Ao
entrar, pensei
A
minha casa construiu o homem que eu sou
Deitei
na minha antiga cama
Sob
os raios do sol
Que
entravam pelas frestas da janela
E
descansei como uma criança
A
criança que eu fui
Depois,
ao andar pelo quintal
Me
senti menino
O
menino que eu sou
Na
geladeira havia um refrigerante
Com
gosto de amor
Tudo
parecia pertencer
A
um passado tão vivo
Do
menino que virou homem
Tudo
estava arrumado
Como
se me esperassem
Quando
cheguei
A
sala, os quartos, a cozinha
Emanavam
um ar melancólico
Triste,
com saudades
O
tempo gastou a alegria
Do
tempo passado
Tornando
ruína
Mas,
a cada passo, tudo ganha cor
Como
antes agora
Me
sinto feliz
Ao
atravessar o portão
Minha
mãe me disse
Eu
fico feliz quando vocês vêm para cá
No
quintal, olhei o céu
Algumas
andorinhas voavam
Fiz
vinte e sete anos
6.
Todas
as cartas de amor
Amarelaram
com o tempo
E
se antes eu as lia
Toda
hora, todo instante
Hoje,
de quando em quando
Desdobro
algumas
Corro
os olhos
Pelas
frases tíbias
Penso
Dobro
de novo
E
sinto saudade
7.
Não
sou poeta
Nos
meus versos
Arrisco
Escrever
versos
Que
sou eu
8.
Sou
óbvio
Para
que pensem
Que
sou óbvio
E
que não pensem
Outra
coisa
Apenas
o óbvio
Me
faço de óbvio
Para
que pensem
Que
o óbvio
E
façam do errado certo
E
da certeza erro
E
deste modo nunca sou óbvio
9.
Quem
quer amar um amor
Proibido
Quem
quer amar um amor
Proscrito
Um
deserto, de amor
Beijos
que são oásis
Paixão
inalcançável, miragem
Carícias
que são espinhos
Quem
quer amar como louco
Beijar
lábios ásperos, espinhos
Quem
quer amar como louco
Beijar,
beijos que são tortura
10.
Meu humor varia
Como as estações do ano
Independente da minha vontade
Nela nada mando
Solto
Força sazonal
Em mim
Sem abrigo
Numa noite de inverno
Mais fria é a solidão
Alegria antes florida
Calor paixão de
Alma servil
Vulnerável a tudo que sinto
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