51.
Noite
adentro, de madrugada
Batem
na porta
Batem
no meu peito
Quem
será a esta hora
Você
de novo
Por
que me acorda
Outra
vez
Mal
acabara de pegar no sono
Por
quê, coração
Logo,
logo o sol vai pintar o céu
Com
sua tinta amarela azul
Eu
preciso desesperadamente dormir
52.
Deus,
misericórdia, olhe por mim
Proteja-me,
em meu caminho
53.
Uma
onda de otimismo
Me
arrebata
Sou
lançado ao fundo do mar
Afogado
Vem
uma onda de tristeza
Me
arrasta
Sou
lançado à margem
Sem
vontade de viver
Espero
uma onda de felicidade
54.
Meus
olhos dissimulam
Diante
do espelho
Meu
olhar vazio
Voltado
o mundo
Dentro
de mim
55.
O
amor é tudo
Se
houvesse algo maior
Seria
o amor
56.
Me
deixe em paz, sanguessuga maldita
Não
me aterrorize com seu zumbido infernal
Vai
embora para sua casa à beira do córrego
Socorro,
eu preciso dormir, suma daqui
57.
A
prova ontológica de que meu amor perfeito existe
Meu
amor é perfeito
Logo,
meu amor existe
Se
não existisse
Não
seria perfeito
Conclusão,
meu amor perfeito existe
Em
algum lugar, existe
Só
falta encontrar
58.
Quando
eu tinha por certo
Que
o amor não existia mais
Eis
que sua poderosa presença
Se
fez sentir em sua ausência
O
que há comigo
Obcessão
doentia
Que
não tem cura
Amo,
amo e amo
59.
Tomo
muito cuidado
Para
não pisar em formigas
E
outros artrópodes
Que
encontro por estes chãos
Quando
vejo, por exemplo
Um
tatuzinho, uma minhoca, uma joaninha
Caminhando
no meio do caminho sozinhos
Pego
um palitinho e uma folhinha
E
retiro o pequeno ser
Do
meio do perigo
Ontem
senti imensa compaixão
Por
um caroço de mamão
Solitário,
em cima da mesa
Amor,
me embriaga de amor
O
amor está em mim
E
eu estou em tudo
60.
Eu
não sou meus versos
Meus
versos são apenas restos
São
cacos, fragmentos de mim
Meus
versos são átomos
Luzes
tristes na escuridão
Lembranças
voláteis
Representação
grosseira
Eu
sou maior que meus versos
Como
são magníficas
As
impressões sem versos que eu tenho do universo
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