sexta-feira, 2 de junho de 2023

"Eu versos eu" - (Parte 13) - Antologia

 

Antologia poética

51.

Noite adentro, de madrugada

Batem na porta

Batem no meu peito

Quem será a esta hora

Você de novo

Por que me acorda

Outra vez

Mal acabara de pegar no sono

Por quê, coração

Logo, logo o sol vai pintar o céu

Com sua tinta amarela azul

Eu preciso desesperadamente dormir

 

52.

Deus, misericórdia, olhe por mim

Proteja-me, em meu caminho

 

53.

Uma onda de otimismo

Me arrebata

Sou lançado ao fundo do mar

Afogado

Vem uma onda de tristeza

Me arrasta

Sou lançado à margem

Sem vontade de viver

Espero uma onda de felicidade

 

54.

Meus olhos dissimulam

Diante do espelho

Meu olhar vazio

Voltado o mundo

Dentro de mim

 

55.

O amor é tudo

Se houvesse algo maior

Seria o amor

 

56.

Me deixe em paz, sanguessuga maldita

Não me aterrorize com seu zumbido infernal

Vai embora para sua casa à beira do córrego

Socorro, eu preciso dormir, suma daqui

 

57.

A prova ontológica de que meu amor perfeito existe

 

Meu amor é perfeito

Logo, meu amor existe

Se não existisse

Não seria perfeito

 

Conclusão, meu amor perfeito existe

 

Em algum lugar, existe

Só falta encontrar

 

58.

Quando eu tinha por certo

Que o amor não existia mais

Eis que sua poderosa presença

Se fez sentir em sua ausência

 

O que há comigo

Obcessão doentia

Que não tem cura

 

Amo, amo e amo

 

59.

Tomo muito cuidado

Para não pisar em formigas

E outros artrópodes

Que encontro por estes chãos

Quando vejo, por exemplo

Um tatuzinho, uma minhoca, uma joaninha

Caminhando no meio do caminho sozinhos

Pego um palitinho e uma folhinha

E retiro o pequeno ser

Do meio do perigo

 

Ontem senti imensa compaixão

Por um caroço de mamão

Solitário, em cima da mesa

 

Amor, me embriaga de amor

O amor está em mim

E eu estou em tudo

 

60.

Eu não sou meus versos

Meus versos são apenas restos

São cacos, fragmentos de mim

Meus versos são átomos

Luzes tristes na escuridão

Lembranças voláteis

Representação grosseira

Eu sou maior que meus versos

Como são magníficas

As impressões sem versos que eu tenho do universo

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário