Pierre-Auguste Renoir nasceu
pobre, no ano de 1841, em Limoges, na França. Aos 13 anos de idade, o garoto já
manifestava um talento artístico para o desenho e a pintura, o que fez com que
seus pais os tirassem da escola e o empregassem como aprendiz de ilustrador
numa fábrica de louças.
Mais tarde, o rapaz arrumou
outro emprego e passou a ganhar a vida pintando leques, persianas e imagens de
santos. Enquanto trabalhava, economizava dinheiro para se matricular em uma
escola de arte, objetivo alcançado quando completou 21 anos.
Embora Renoir demonstrasse
um desprezo pelos cânones e outras tolices acadêmicas, aprendeu com seus
professores os princípios básicos da arte que seriam utilizados, por ele, como
um “trampolim” para dar asas a seu gênio e assim pintar de uma maneira
extremamente original que o eternizaria.
Inspirado por um intenso
sentimento lírico, o pintor preferia trabalhar ao ar livre, onde as cores eram
mais ricas e livres de convenções. Indiferente às tendências de época, menosprezava
as cores da moda. Em vez disso, demonstrava grande apreço por cores brilhantes,
incandescentes, profundas e naturais. Renoir criou um estilo próprio, marcado por
cores fortes, texturas e linhas harmônicas, que, juntamente com a obra de
outros artistas, ficaria conhecido como impressionismo.
Tendo encontrado sua
identidade estética, Renoir se tornou um talentoso artista. Todavia, sua vida
de pintor pobre pouco se alterara. Mas sua sorte começaria a mudar quando recebeu
uma encomenda de Madame Charpentier, esposa de um dos mais ricos editores de Paris
e famosa por suas recepções no salão de sua casa. Os 1.750 francos que ganhou
para pintar quatro retratos da família Charpentier foram uma quantia excepcional para a época, o que tirou Renoir do
sufoco.
O quadro Madame Charpentier e suas filhas,
exposto no luxuoso salão, foi visto por gente de fortuna e renome, como Guy de
Maupassant, Emile Zola, Gustave Flaubert e Stéphane Mallarmé, gabaritando a
obra para a grande exposição anual do Salão de Paris.
Então, outras encomendas começaram
a pipocar. Tais trabalhos permitiam a Renoir pagar suas contas, enquanto
pintava quadros que o tornariam célebre. Após três anos, Renoir ganhou o
suficiente para melhorar de vida e, finalmente, realizar seu sonho de se casar
com sua amada Aline Victorine Charigot, uma costureira, vinte anos mais nova do
que ele, que já posara de modelo para algumas de suas pinturas, como na obra Le Déjeuner des canotiers, de 1881 (ela
é a mulher da esquerda brincando com o cachorro).
Aline nasceu em 23 de maio
de 1859, no seio de uma família de agricultores. Quando ainda era bebê, seu pai
partiu para a América e sua mãe se mudou, deixando Aline aos cuidados de uma tia
e um tio. A menina amava as artes, tocava piano e decorava seu quarto com
pinturas de artistas famosos. Aos 15 anos de idade, no entanto, foi ao encontro
da mãe em Montmartre, Paris, onde conseguiu arrumar um trabalhou de costureira.
Aos 20, Aline conheceu o
quarentão Renoir. Casa-se com ele e dá à luz a três filhos, que seriam
retratados pelo pintor em muitas cenas da vida familiar.
A biógrafa de Renoir,
Barbara White, descreve a aparência da mulher de La Baigneuse Blonde, de 1881, como “rotunda”. Aline fora a modelo,
que Renoir, influenciado pela pintura renascentista (particularmente os
afrescos de Rafael), deu cores e formas na tela.
É provável que as formas robustas
da jovem tenham inspirado o artista em seu ideal feminino: corpulenta, sadia,
seios e cintura grandes – símbolo de saúde e fertilidade para Renoir.
Aline Victorine Charigot é
uma prova que a beleza não cabe em um único padrão estético ditado pela tirânica
indústria da moda.
Seja feliz do jeito que você
é. Se não fizer mal aos outros, vai em frente! O gênio de Renoir agradece.