terça-feira, 2 de setembro de 2025

A Verdadeira Origem do Amor Proibido: Desvendando Giulietta e Romeo de Luigi da Porto

 A ilustração captura uma cena clássica e icônica que remete diretamente à paixão proibida de Giulietta e Romeo, com um estilo que evoca gravuras antigas e livros ilustrados.  A imagem mostra Romeo escalando (ou já tendo escalado parcialmente) a varanda de Giulietta. Ele está vestido com trajes renascentistas, incluindo uma túnica vermelha, calças bufantes e um manto jogado sobre os ombros, com detalhes em branco e dourado. Seu rosto está voltado para Giulietta, com uma expressão de anseio e devoção.  Giulietta está na varanda, debruçada e olhando para Romeo. Ela usa um vestido azul-esverdeado com detalhes em sua gola e mangas, e seu cabelo longo e escuro cai sobre os ombros. Sua expressão é de surpresa misturada com afeto e talvez apreensão.  A varanda é ricamente ornamentada, com relevos decorativos na pedra e uma grade sólida. Há folhagens verdes subindo pelas paredes do edifício, adicionando um toque de natureza à cena noturna.  Ao fundo, sob um céu noturno com nuvens esparsas e uma lua cheia brilhante, a silhueta de uma cidade italiana, provavelmente Verona, se estende. Torres, telhados de terracota e uma torre de relógio proeminente são visíveis, iluminados suavemente pela luz da lua e por algumas luzes quentes que emanam das janelas da cidade.  O estilo da ilustração, com suas linhas finas e hachuras para sombreamento, e a paleta de cores predominantemente terrosas e escuras, com toques vibrantes no vestuário, remete às gravuras do século XVI ou XVII, dando à cena uma sensação de historicidade e atemporalidade, ideal para a história original de Luigi da Porto.

Você conhece a história de Romeu e Julieta, o romance trágico que se tornou sinônimo de amor proibido? A maioria das pessoas a associa imediatamente a William Shakespeare. No entanto, o que muitos não sabem é que a história original, aquela que inspirou o bardo inglês, tem raízes profundas e apaixonadas na Itália renascentista. A verdadeira fonte é a novela "Giulietta e Romeo" (c. 1530), uma obra escrita por um nobre e soldado italiano chamado Luigi da Porto. Este artigo mergulha na essência deste texto fundamental, explorando o autor, a trama e o percurso que a transformou no mito que conhecemos hoje.

Quem foi Luigi da Porto, o Criador da Tragédia?

Para entender a obra, é essencial conhecer seu autor. Luigi da Porto (1485–1529) não era um escritor de ofício. Ele era um nobre de Vicenza, militar de carreira e um homem que conheceu de perto o peso da honra, da lealdade e, principalmente, do amor. Ferido em combate e forçado a se aposentar do serviço militar, ele se dedicou à literatura. Acredita-se que sua própria vida tenha servido de inspiração para a novela. A lenda popular, embora não totalmente comprovada, sugere que Da Porto teria vivido um romance trágico e proibido com uma prima, Lucina Savorgnan, ecoando o destino de seus personagens.

Sua experiência militar e o conhecimento da política e dos conflitos de poder da época transparecem na obra, que é mais do que um simples romance. É um retrato da sociedade, das rivalidades familiares e da rigidez das convenções sociais do século XVI. A narrativa de Giulietta e Romeo de Luigi da Porto é, portanto, imbuída de um realismo e de uma melancolia que só alguém que viveu a tragédia pode expressar.

A História Original de Giulietta e Romeo por Luigi da Porto

novela de Luigi da Porto, publicada postumamente em 1530 sob o título "Historia novellamente ritrovata di due nobili amanti", é a primeira versão da história que traz os nomes e o enredo que se tornariam mundialmente famosos. A trama se desenrola na cidade de Verona, dominada pelas tensões entre duas famílias: os Cappelletti e os Montecchi.

Principais Pontos da Trama:

  • Personagens: Os nomes dos protagonistas, Giulietta e Romeo, são introduzidos aqui, assim como os de seus amigos e familiares. No entanto, diferentemente da versão de Shakespeare, os Capuletos e os Montecchios de Da Porto são facções políticas reais da Itália da época, o que dá à rivalidade um caráter ainda mais sombrio e realista.

  • O Enredo: O encontro fatídico ocorre em um baile de máscaras, onde Romeo, disfarçado, se apaixona por Giulietta. O romance secreto floresce e, para se unirem, eles buscam a ajuda de um frade franciscano.

  • O Duelo e o Exílio: Romeo mata Teobaldo, primo de Giulietta, em um duelo. A diferença crucial aqui é que, na versão de Da Porto, a morte de Teobaldo é uma vingança mais fria e calculada, e não um ato impensado de fúria como na peça de Shakespeare. Isso leva ao exílio de Romeo.

  • O Fim Trágico: Desesperada, Giulietta finge a própria morte. A mensagem sobre o plano não chega a Romeo, que, ao retornar a Verona e encontrar sua amada "morta", bebe um veneno. No entanto, ao contrário da versão de Shakespeare, Giulietta acorda em seguida e, encontrando Romeo morto, decide se matar com o veneno que ainda resta nos lábios dele, em um gesto de amor e desespero.

  • O Desfecho: As famílias, ao descobrirem a tragédia, finalmente põem fim à rivalidade. A novela termina com a reconciliação e a construção de um túmulo para os amantes.

A narrativa de Da Porto é mais direta e menos poética que a de Shakespeare, mas é precisamente essa simplicidade que a torna tão poderosa. O foco está nos eventos e nas emoções puras, no destino implacável que esmaga os amantes, presos entre o dever familiar e a paixão incontrolável.

De Veneza a Londres: A Jornada de Uma História

A história de Giulietta e Romeo de Luigi da Porto não se tornou famosa por acaso. Ela viajou pela Europa através de uma cadeia de adaptações e traduções.

  1. Matteo Bandello (1554): O frade e escritor italiano Matteo Bandello recontou a história de Da Porto, expandindo-a e adicionando novos detalhes, como a figura da ama e do farmacêutico. A versão de Bandello foi amplamente difundida na Europa.

  2. Arthur Brooke (1562): Um poeta inglês, Arthur Brooke, traduziu a versão de Bandello para o inglês em seu poema narrativo "The Tragical History of Romeus and Juliet". Esta foi a principal fonte de inspiração para Shakespeare. O poema de Brooke já continha a maior parte dos elementos que seriam eternizados: o encontro no baile, o casamento secreto, o duelo, o exílio e a trágica morte no túmulo.

Quando Shakespeare escreveu sua peça, ele estava, na verdade, adaptando uma história que já era conhecida na Inglaterra, mas que havia se originado na pena de Luigi da Porto. O gênio de Shakespeare foi transformar essa trama em uma obra de arte poética, adicionando profundidade psicológica aos personagens, ritmo, diálogos memoráveis e uma linguagem que ecoa até hoje. Mas sem o ponto de partida de Da Porto, a tragédia de Verona nunca teria chegado às mãos de Shakespeare.

Por que a Giulietta e Romeo de Luigi da Porto é Tão Importante?

Ler a versão de Giulietta e Romeo de Luigi da Porto é mais do que um exercício histórico; é uma chance de apreciar a beleza e a potência da história em sua forma mais crua. Ela nos lembra que a paixão, o conflito e o destino são temas universais que transcendem o tempo e o idioma.

  • Respostas a perguntas comuns:

    • "Quem escreveu a história original de Romeu e Julieta?" Foi Luigi da Porto, por volta de 1530.

    • "Quais são as principais diferenças entre a versão de Da Porto e a de Shakespeare?" A versão de Da Porto é uma novela, mais concisa e direta. O final, onde Giulietta acorda enquanto Romeo ainda tem o veneno nos lábios, é diferente. Além disso, a motivação para as ações dos personagens é menos psicológica e mais fatalista.

    • "Como a história chegou a Shakespeare?" Através de uma série de adaptações, a principal sendo o poema de Arthur Brooke, que se baseou na versão de Matteo Bandello, que por sua vez se baseou na de Da Porto.

Em resumo, a obra de Luigi da Porto não é apenas uma curiosidade literária; é a semente de uma das maiores histórias de amor já contadas. É um testemunho da universalidade dos temas do amor, da morte e do destino, e um lembrete de que toda grande obra de arte tem uma história por trás de sua história.

(*) Notas sobre a ilustração:

A ilustração captura uma cena clássica e icônica que remete diretamente à paixão proibida de Giulietta e Romeo, com um estilo que evoca gravuras antigas e livros ilustrados.

A imagem mostra Romeo escalando (ou já tendo escalado parcialmente) a varanda de Giulietta. Ele está vestido com trajes renascentistas, incluindo uma túnica vermelha, calças bufantes e um manto jogado sobre os ombros, com detalhes em branco e dourado. Seu rosto está voltado para Giulietta, com uma expressão de anseio e devoção.

Giulietta está na varanda, debruçada e olhando para Romeo. Ela usa um vestido azul-esverdeado com detalhes em sua gola e mangas, e seu cabelo longo e escuro cai sobre os ombros. Sua expressão é de surpresa misturada com afeto e talvez apreensão.

A varanda é ricamente ornamentada, com relevos decorativos na pedra e uma grade sólida. Há folhagens verdes subindo pelas paredes do edifício, adicionando um toque de natureza à cena noturna.

Ao fundo, sob um céu noturno com nuvens esparsas e uma lua cheia brilhante, a silhueta de uma cidade italiana, provavelmente Verona, se estende. Torres, telhados de terracota e uma torre de relógio proeminente são visíveis, iluminados suavemente pela luz da lua e por algumas luzes quentes que emanam das janelas da cidade.

O estilo da ilustração, com suas linhas finas e hachuras para sombreamento, e a paleta de cores predominantemente terrosas e escuras, com toques vibrantes no vestuário, remete às gravuras do século XVI ou XVII, dando à cena uma sensação de historicidade e atemporalidade, ideal para a história original de Luigi da Porto.

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