A linguagem é um sistema de comunicação inerente ao ser humano. Todo ser humano, a princípio, possui condições naturais de comunicação. Mas a linguagem não é apenas um aspecto da constituição natural humana, ela é também produto da cultura, portanto, um fenômeno social e histórico. Neste sentido, os indivíduos que vivem em sociedade, de uma maneira geral, têm competência linguística, isto é, através da fala, são capazes de compreender e serem compreendidos por seus interlocutores.
Todavia,
a fala não é uma unidade homogênea. A linguagem pode se manifestar em
diferentes níveis que vão desde a diversidade de idiomas até variações
linguísticas dentro de um mesmo idioma. Assim sendo, a linguagem pode se
revelar como um sistema abstrato de regras, não só gramatical como também
semântico e fonológico, de modo extremamente variado e irredutível a uma normatização
definitiva.
Dentro
de um mesmo idioma, por exemplo, variações linguísticas podem ocorrer em
diferentes regiões de um mesmo território nacional ou ainda no âmbito do
próprio cotidiano, refletidos pela diferença de gênero, de idade, classe social,
ou ainda numa escala espacial relativamente pequena e demarcada pela distinção
metropolitana entre centro-periferia etc.
Ou
seja, a natureza plástica da linguagem é múltipla e está em constante
transformação. Diante disso, desenvolveu-se, geográfica e historicamente, em
distintas culturas, uma língua padrão, cristalizada, também chamada de “norma
culta”, geralmente advinda dos hábitos linguísticos praticados por grupos
sociais dominantes ou socioculturais privilegiados, que, por seu prestígio, foi
imposta aos demais grupos sociais como modelo uniforme, único e geral.
O
domínio da “norma culta” está no nível da performance
e não se confunde com a competência
linguística que, como se afirmou acima, diz respeito à capacidade de se
comunicar de qualquer ser humano. O uso “correto” de uma língua por uma dita “elite”
poder gerar exclusão e preconceito linguístico diante das demais variações linguísticas
relacionadas a grupos sociais marginalizados.
Desnecessário
entrar em pormenores aqui sobre o quanto a língua padrão é artificial e não
acompanha a dinâmica de uma realidade tão heterogênea e contraditória como são
as sociedades humanas.
A
linguagem coloquial, deste modo, se aproxima muito mais da natureza móvel da
língua e está aberta a todo tipo de criações, que vão, com o tempo,
configurando-a tanto do ponto de vista fonológico como da sintaxe e da
morfologia. Em termos morfológicos, estas mudanças podem ser verificadas
através de processos de formação de palavras ou de criação neológica.
Sem
dúvida, a criação de neologismo é um fenômeno muito mais comum do que pode
parecer num primeiro momento. Contudo, esta criação não é aleatória e
independente de paradigmas linguísticos de uma determinada língua. Portanto, o
processo de formação de neologismo pode ser compreendido e caracterizado sob
uma perspectiva científica nos termos da linguística.
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