terça-feira, 2 de janeiro de 2024

"Eu versos eu" - (Parte 18) - Antologia

 Antologia poética

101.

Apesar de não haver mais ninguém aqui

Eu vou tentar sorrir

 

102.

Ela me amava

Mas me deixou

O que me faz chorar

Nem tanto é a solidão

Mas saber

Como as pessoas jogam

Suas vidas fora

 

103.

Não! Não! Não é nada disso

Descobri mais uma lei do amor

Lei que é, sem dúvida, insofismável

Quando duas pessoas se amam de verdade

Não há desencontro, nunca

Parece, ao contrário, que o universo

Conspira a favor do amor

Disso resulta que

Se o acaso separou dois amantes

Logo, não existe amor

 

104.

Que saudade

Eu perdi você

E agora vem

Suas lembranças

Eu parti pra outra

Tentando esquecer

Mas tudo virou fumaça

Tudo acabou sem

A menor formalidade

Sem qualquer cortesia

E eu ainda sinto dor do amor

Sei que ainda

Não acabou

Refugio-me

Nas lembranças

Do nosso passado

 

105.

Dois anos, o que são dois anos

Milhões e milhões de horas

Bilhões e bilhões de minutos

Incontáveis segundos

O que são dois anos

No mínimo a eternidade

E, no entanto, como passa rápido a vida

Vinte, trinta, quarenta anos...

Um nada

Dois anos sem você

Uma eternidade

Dois anos sem ter notícias

Sem saber onde e como

Você está, meu grande amor

Tenho muitas perguntas

E nenhuma resposta

 

106.

Será mesmo que não há desencontro

Ou será que o acaso pode separar um grande amor

Eu, particularmente, desconfio de toda lei

Como todos sabem, sou anarquista

Mas sou incapaz de entender o que é o amor

 

107.

Ora, não foi o acaso

Que separou

O maior amor de todos os tempos

Romeu e Julieta

 

108.

Ah, dor! Dor de amor

Dor que sei tão bem

Em meu coração

Não há teorias

Mas feridas abertas

E cicatrizes

 

109.

O amor só existe na sua não existência

Morro de amor, morro por nada

Encontro um grande amor quando perco

O amor é uma contradição insolúvel

 

Somente na não existência do amor

É possível amar

Por isso, sou tão triste

 

110.

Camões era dialético