sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Resumo: Descubra o Universo Mágico de Franklin Cascaes: O Fantástico na Ilha de Santa Catarina

A ilustração é inspirada no folclore da Ilha de Santa Catarina, conforme catalogado por Franklin Cascaes. A cena se passa em uma noite de lua cheia, em uma praia com vegetação densa e um vilarejo de pescadores com casas de estilo açoriano, de telhado vermelho e paredes brancas.  Em primeiro plano, um grupo de bruxas com chapéus pontudos está reunido em círculo ao redor de um caldeirão, preparando uma poção. As suas sombras alongadas e distorcidas projetam-se na areia. No rochedo, à esquerda, um lobisomem em transformação uiva para a lua, com o corpo já coberto de pelos.  No mar agitado, o boitatá, uma cobra de fogo com olhos brilhantes, desliza por entre as ondas, protegendo a natureza. Perto do mar, pescadores com expressões cansadas e barbas grisalhas estão consertando suas redes e embarcações. Eles usam chapéus de palha e seguram lamparinas, alheios (ou acostumados) à intensa atividade sobrenatural que se desenrola ao seu redor.  A atmosfera é misteriosa e mágica, capturando a essência da obra de Cascaes, onde o fantástico e o cotidiano se misturam na cultura da ilha.

A Ilha de Santa Catarina, com suas paisagens deslumbrantes e cultura açoriana vibrante, guarda um tesouro imaterial de histórias e lendas que ecoam por entre os morros, praias e vilas de pescadores. Ninguém explorou esse universo folclórico com tanta profundidade e paixão quanto o artista, folclorista e escritor Franklin Cascaes. Sua obra-prima, O Fantástico na Ilha de Santa Catarina, é mais do que um livro; é um portal para um mundo onde o cotidiano e o sobrenatural se entrelaçam.

Neste artigo, vamos mergulhar na rica tapeçaria de mitos, crenças e personagens criados e catalogados por Cascaes. Prepare-se para conhecer o mundo encantado dos lobisomens, das bruxas, dos boitatás e de outras criaturas que, por gerações, povoaram a imaginação dos ilhéus.

Quem foi Franklin Cascaes? O Guardião das Lendas Catarinenses

Franklin Joaquim Cascaes, nascido em 1908 em uma família de pescadores em Florianópolis, foi um artista autodidata que dedicou sua vida a preservar a cultura de sua terra natal. Sua paixão pelo folclore o levou a documentar, por meio de desenhos, esculturas e textos, as tradições orais que corriam o risco de serem esquecidas.

Cascaes não se limitou a reproduzir o que ouvia. Ele se tornou um etnógrafo e folclorista, pesquisando e analisando o significado das lendas, crenças e costumes. Sua pesquisa incansável, que o levou a percorrer a ilha de ponta a ponta, resultou em uma vasta coleção de relatos, desenhos e esculturas que compõem o legado do que é considerado o maior folclorista de Santa Catarina.

O Fantástico na Ilha de Santa Catarina: Um Mergulho no Imaginário Popular

Publicado postumamente, O Fantástico na Ilha de Santa Catarina é a compilação mais completa da pesquisa de Cascaes. A obra não é apenas uma lista de contos, mas um estudo aprofundado do imaginário popular, revelando a alma açoriana da ilha. O livro está dividido em seções temáticas, organizando as lendas por tipo de criatura ou fenômeno.

As Bruxas de Franklin Cascaes

As bruxas são, sem dúvida, as personagens mais icônicas da obra de Cascaes e do folclore ilhéu. Elas são retratadas não como figuras malignas e aterrorizantes, mas como mulheres comuns com poderes sobrenaturais, que vivem em um mundo à parte. Suas travessuras e maldades são sempre temperadas com um toque de humor e ironia.

  • Tipos de Bruxas: Cascaes catalogou diferentes tipos de bruxas, como as que assombravam os engenhos de farinha, as que roubavam o sal das salinas ou as que se transformavam em borboletas para entrar nas casas.

  • O "Bruxedo": O termo "bruxedo" é usado para descrever o feitiço ou o estado de encantamento causado por uma bruxa. O folclore ilhéu está repleto de histórias de pessoas que, de repente, se tornavam "bruxeadas", perdendo a memória ou agindo de forma estranha.

  • A Caça às Bruxas: As lendas também descrevem rituais e táticas para afastar as bruxas, como usar sal grosso, orações e objetos de proteção.

Criaturas e Lendas Sobrenaturais

Além das bruxas, a obra de Cascaes nos apresenta a uma galeria fascinante de criaturas e seres fantásticos.

  • Lobisomem: O mito do homem que se transforma em lobo nas noites de lua cheia ganha uma versão catarinense, com detalhes e nuances locais.

  • Boitatá: A lendária cobra de fogo, guardiã dos campos e florestas, também está presente, protegendo a natureza e assustando os desavisados.

  • Visões e Assombrações: Cascaes também catalogou histórias de fantasmas e visões, como a da Mulher de Branco que assombrava a estrada geral do Pântano do Sul.

  • O Bicho-Homem: Uma das criaturas mais intrigantes, o Bicho-Homem é uma espécie de monstro que assombra os matos da ilha, com histórias de seu encontro sendo contadas com um misto de medo e fascínio.

A Importância de Franklin Cascaes para a Cultura Catarinense

O legado de Franklin Cascaes vai muito além de suas lendas. Ele foi um pioneiro na valorização da cultura popular, mostrando que as histórias de pescadores e agricultores eram tão importantes quanto a história oficial. Ao dar voz e forma a esses mitos, Cascaes contribuiu para a construção da identidade cultural de Florianópolis e de toda Santa Catarina.

Seu trabalho é uma fonte inesgotável de inspiração para artistas, pesquisadores e curiosos. O livro O Fantástico na Ilha de Santa Catarina é uma leitura essencial para quem quer entender a alma de Florianópolis e se conectar com um universo mágico que ainda pulsa nas ruas da cidade.

Onde Encontrar a Obra e a Herança de Cascaes?

  • Livros: A obra mais conhecida, O Fantástico na Ilha de Santa Catarina, é publicada por diversas editoras e pode ser encontrada em livrarias e bibliotecas.

  • Museu Franklin Cascaes: O museu, localizado no campus da UFSC em Florianópolis, abriga parte de sua obra, incluindo desenhos e esculturas.

  • Lugares na Ilha: Muitas das histórias de Cascaes se passam em locais reais da ilha, como o Ribeirão da Ilha, o Pântano do Sul e a Lagoa da Conceição. É possível percorrer esses lugares e sentir a presença das lendas que eles guardam.

Conclusão: O Fantástico na Ilha de Santa Catarina Vive em Cada Ilhéu

O Fantástico na Ilha de Santa Catarina, de Franklin Cascaes, não é um livro sobre o passado. É um livro sobre o presente. As lendas e os mitos que ele documentou continuam a moldar a forma como os ilhéus se relacionam com sua terra, com o mar e com o mundo invisível. A cada nova geração, a história das bruxas, dos lobisomens e do boitatá é recontada, mantendo vivo o universo mágico de Franklin Cascaes.

(*) Notas sobre a ilustração:

A ilustração é inspirada no folclore da Ilha de Santa Catarina, conforme catalogado por Franklin Cascaes. A cena se passa em uma noite de lua cheia, em uma praia com vegetação densa e um vilarejo de pescadores com casas de estilo açoriano, de telhado vermelho e paredes brancas.

Em primeiro plano, um grupo de bruxas com chapéus pontudos está reunido em círculo ao redor de um caldeirão, preparando uma poção. As suas sombras alongadas e distorcidas projetam-se na areia. No rochedo, à esquerda, um lobisomem em transformação uiva para a lua, com o corpo já coberto de pelos.

No mar agitado, o boitatá, uma cobra de fogo com olhos brilhantes, desliza por entre as ondas, protegendo a natureza. Perto do mar, pescadores com expressões cansadas e barbas grisalhas estão consertando suas redes e embarcações. Eles usam chapéus de palha e seguram lamparinas, alheios (ou acostumados) à intensa atividade sobrenatural que se desenrola ao seu redor.

A atmosfera é misteriosa e mágica, capturando a essência da obra de Cascaes, onde o fantástico e o cotidiano se misturam na cultura da ilha.

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