Por A. M. L.
Nascido na comuna de Parma, norte da Itália, no dia 25 de março de 1867, filho de um pobre alfaiate, Arturo Toscanini entrou aos nove anos para o conservatório de Parma, onde os companheiros não tardaram em tratá-lo como um verdadeiro gênio e passaram a segui-lo com entusiasmo até mesmo num ato de indisciplina, quando Arturo organizou uma banda clandestina fora do programa escolar, resultando na punição dele e de todos os seus colegas. Mais tarde, já músico profissional, Arturo pulou de orquestra em orquestra, tocando violoncelo em teatros e óperas, até que uma noite do ano de 1886, pouco tempo depois de completar 19 anos de idade, foi repentinamente arremessado aos píncaros da fama: passou-se isto no Rio de Janeiro.
Na
noite de 30 de junho, poucas horas antes da primeira apresentação de Ainda, a
companhia de ópera italiana, de visita à capital do Brasil império, coagira o
maestro brasileiro "Leopoldo Miguez" brasileiro Leopoldo Miguez a
pedir demissão. O público, transbordante de patriotismo ofendido, vaiou
consecutivamente os dois maestros italianos que lhe queriam empurrar goela
abaixo, forçando-os a descer do estrado. Alguém se lembrou então do jovem
violoncelista, que também era assistente e mestre de coral e que, durante a
viagem, tinha se encarregado de ensaiar os cantores, dando provas de conhecer
meia dúzia de regras sobre a técnica operística.
Arturo
foi incentivado pelos músicos a assumir a regência da orquestra. "Todos
sabiam da minha excelente memória", disse ele depois, "porque os
cantores tomavam as lições comigo e eu tocava piano sem nunca olhar a
partitura".
Ao
ver surgir no tablado um maestro teen, a plateia ficou silenciosa. Empunhando a
batuta, para dar o sinal de abertura, e quase sem reparar no que fazia, Arturo
fechou a partitura que tinha no pedestal, diante de si. O público ficou
boquiaberto. Aquele primeiro ato decorreu brilhantemente e Arturo era um herói
popular. Um triunfo! Durante essa temporada, no Rio de Janeiro, regeu mais de
18 apresentações – todas de memória.
“Este
maestro sem barba é um prodígio que transmite o fogo artístico e sagrado de sua
batuta, com a paixão de um genuíno artista!”, resenhava um jornal da época.
Durante
as seis semanas que se seguiram a turnê, o biógrafo Harvey Sachs escreveu que
Arturo conduziu a orquestra em 12 óperas e 26 apresentações, todas de memória!
Mesmo assim, ninguém lhe ofereceu um único aumento e tampouco passou pela
cabeça do jovem maestro pedir por um.
Nascia
o maestro carioca, Arturo Toscanini.
Nenhum comentário:
Postar um comentário