terça-feira, 20 de novembro de 2018

Jimi Hendrix, o black power do rock

No dia da Consciência Negra, em busca das origens do rock, com vocês: o maior guitarrista de todos os tempos, Jimi Hendrix!!!


Nascido em Seattle, no ano de 1942, Johnny Allen Hendrix, ou, simplesmente, Jimi Hendrix, cresceu em uma família desestruturada, marcada pelo alcoolismo e por disputas pela guarda das crianças. Nada que abalasse o talento musical extraordinário de Jimi, ainda latente. Na escola, o menino costumava carregar uma vassoura que fingia tocar como se fosse uma guitarra. Certo dia, quando ajudava seu pai a limpar a garagem de um vizinho, Jimi encontrou um ukulele de uma corda só e pôde, enfim, aposentar a vassoura. De posse do novo instrumento, o futuro exímio guitarrista aprende a tocar de ouvido "Hound Dog", de Elvis Presley. Era um sinal promissor!


Em 1958, o ukulele foi substituído por um violão do qual o adolescente não se separava. Passava horas a fio aprendendo a tocar músicas que ouvia no rádio. Como a família de Hendrix não podia pagar a mensalidade de uma escola de música, Jimi nunca aprendeu teoria musical. Por isso, vivia importunando músicos de blues, para que estes, apesar de alguma relutância, o ensinassem as suas técnicas musicais.

Expulso de sua primeira banda, por ser, digamos assim, “muito exibido”, Jimi aos 19 anos é convocado pelo exército e serve como paraquedista. Nada que o fizesse perder sua paixão pela música. Apesar de suas obrigações na caserna, ele continuou a tocar em clubes, tendo como parceiro o baixista Billy Cox, com quem mais tarde, em 1969, formaria a famosa Band of Gypsys.


Dispensado do exército, Hendrix continuou a trabalhar exclusivamente como músico para vários grupos de soul e RnB, dentre eles, Sam Cooke e Isley Brothers. Pulando de show em show, Jimi Hendrix deixou os Isley Brothers e, em 1965, entrou para a banda de Little Richard. No entanto, a incompatibilidade de Richard com Hendrix logo se revelaria na implicância daquele com o figurino e o estilo musical do guitarrista, que foi demitido logo depois de sua primeira aparição na TV, quando fazia parte da banda de apoio no show de Buddy and Stacey:

Jimi Hendrix se muda então para Nova York e dá sequência à sua carreira solo. Numa de suas apresentações, Linda Keith, namorada de Keith Richard, ficou hipnotizada diante da estranha técnica do guitarrista e o recomendou a vários empresários do meio artístico. Nisso, o ex-baixista do The Animals, Chas Chandler, ficou tão impressionado com as incríveis habilidades virtuosísticas de Hendrix, que o convenceu a se mudar para Londres e formar uma banda com ele. Em setembro de 1966, a Jimi Hendrix Experience foi formada assim que o baterista de jazz Mitch Mitchell e o guitarrista e baixista Noel Redding foram recrutados por Chandler. O grupo grava um cover da música Hey Joe, de Billy Roberts, e Jimi Hendrix é lançado ao cume do estrelato do rock’n’roll.

Uma das curiosidades pouco conhecida a respeito do grande guitarrista era o fato de que, apesar de canhoto, Hendix também tocava violão para destros. De fato, Hendrix era ambidestro e podia tocar tanto com a mão esquerda como com a direita – ele tocava com a mão direita quando era jovem, porque seu pai associava instrumentistas canhotos a músicos do diabo.

Em meados dos anos 60, Jimi Hendrix passou a tocar com uma Fender Stratocaster, invertendo o instrumento para adaptá-lo a um canhoto, o que lhe possibilitou alcançar um tom não convencional devido à tonalidade invertida dos captadores e do maior controle sobre os botões de volume e do whammy bar (alavanca).

Ao adotar técnicas como hammer ons, heavy vibrato e slur licks, Jimi Hendrix criou um estilo novo e emotivo, que raramente se ouvia antes dele, fusão de seu amor precoce pelo soul e blues, além do rock moderno e estilos psicodélicos, transitando de forma fluente por todos esses gêneros.

A característica musical mais notável de Hendrix, no entanto, era a extrema liberdade e criatividade de suas experimentações sonoras, dentro e fora do palco. Por exemplo, ele usou um oitavo pedal de duplicação, desenhado por amigo Roger Meyer, durante a gravação do solo da música Purple Haze e, ao ouvir Eric Clapton e Frank Zappa, Hendrix também experimentou o pedal wah-wah, sendo pioneiro no efeito de uma ferramenta musical que poucos conseguiram reproduzir.

Por meio dessas experimentações sem fim, Hendrix dominou o ruído do feedback dos amplificadores, incorporando-o a suas músicas. Em Machine Gun, um épico musical de 12 minutos, Hendrix reproduz o feedback para simular sons de jatos, bombas e rifles M16, utilizados pelos EUA na Guerra do Vietnã, criando um dos hinos pacifistas mais eloquentes da geração hippie engajada no flower power.


Mas a grande atração de Jimi Hendrix sempre foi a sua incrível familiaridade com o instrumento. Tocava guitarra entre as pernas, por trás da cabeça ou até mesmo com os dentes – um pesadelo para os dentistas que o atendiam após os shows. Numa dessas apresentações, o célebre Eric Clapton – considerado um dos maiores guitarrista de todos os tempos – teria saído do palco incrédulo quando o então desconhecido e novato guitarrista o atropelou com a música Killing Floor.

Assim, a medida que a fama de Hendrix aumentava, mais o guitarrista extrapolava suas performances, muitas vezes quebrando sua guitarra ou os amplificadores do palco. Sua atuação mais icônica se deu no festival de Monterey, em 1967, quando, diante de uma plateia boquiaberta, Hendrix ateou fogo em sua guitarra e depois a fez em pedaços.

Em 18 de agosto de 1969, o lendário guitarrista subiu no palco do inesquecível festival de Woodstock e tocou ininterruptamente por quase duas horas - uma das mais longas atuações de sua carreira. A marcante apresentação não deveu apenas pelo hino dos EUA distorcido nas cordas do indomável Hendrix. O guitarrista fechou o show com um longo medley que incluiu a performance de Star Spangled Banner, que se tornaria emblemática nos anos 60.

É por essas e outras que Jimi Hendrix é considerado o melhor guitarrista de todos os tempos, fazendo de seus solos de guitarra algo comparável a uma Ilíada ou Odisseia do rock'n'roll.

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