O festival era propriamente
internacional, atraindo milhares de habitantes para a cidade durante uma
semana, o que movimentava a economia da cidade. As despesas para um só dia das dionisíacas
poderia ser estimado, atualmente, em vultosos milhões de dólares ou equivalente a
3% das receitas públicas anuais da cidade. Isso não mudou radicalmente no
século IV, quando Atenas perdera seu império.
Quem financia é o khorêgos ("líder do coro"),
através de um tipo de imposto (litourgeia)
por meio da taxação sobre os mais ricos da cidade. Ele poderia oferecer sua
casa ou alugar um ginásio para os ensaios do coro: a elite gastava muito para a
sua própria honra.
Em agosto, o arconte epônimo
(mandato de um ano) escolhia três khorêgoi
para as tragédias, sendo o único critério sua riqueza (o 1 % da população); e também
cinco khorêgoi para as comédias. Aos
23 anos, Péricles foi khorêgos da
produção da tetralogia que inclui Persas
de Ésquilo. Os três dramaturgos que competiriam durante seis meses eram
atribuídos aos khorêgoi posto
sorteio, assim como os auletas, o que
indica seu prestígio e importância na performance.
Atores: no
início apenas um (o próprio dramaturgo). Lembremos que o mesmo ator, por conta
do uso de máscaras e figurinos, normalmente representava mais de um papel.
Ésquilo introduziu o uso do segundo ator e Sófocles, do terceiro. Os protagonistas
eram bem pagos.
Figurantes: os
atores e o coro provavelmente não recebiam um script.
Coro:
composto apenas por atenienses, geralmente homens jovens, que, durante o tempo dos
ensaios, eram dispensados das atividades militares.
A cidade forneceu, em certas
épocas, um "auxilio-teatro" (theorikôn)
para auxiliar aqueles com menos recursos com as despesas relacionadas aos
custos do ingresso. Alguns tinham assento livre por determinação de decreto.
Para nós, do mundo contemporâneo, a cobrança de ingresso parece normal, mas,
como se tratava de um evento religioso, o pagamento foi uma novidade no mundo
grego.
Aspectos da performance:
Orkhêstra,
"lugar da dança": espaço onde se representavam o coro e os atores.
Duas entradas longas, laterais (paradoi
- eisodoi) encontram-se nos lados
esquerdo e direito. Atrás, uma construção que compõe um cenário (skênê) com uma grande porta que também
podia ser usada para entrada e saída. No século V, é provável que a orquestra
tenha sido quadrangular.
Aquilo que sabemos da
tragédia grega vem, sobretudo, de dramas de tragediógrafos, dos quais temos
mais ou menos 10% do que foi provavelmente composto. Houve muitas dezenas de
outros em Atenas.
Semelhança entre
tragédias/dramas satíricos e comédias estavam no uso de fantasias e máscaras,
do coro, que dança, canta e é acompanhado por um auleta. Semelhanças são superficiais, na tragédia:
- cenário: geralmente um palácio
(às vezes, templo, cabana, caverna);
- figurino:
"rico";
- máscaras: mais naturais
(diferença principal, gênero e idade);
- coro: doze membros, depois
quinze (Sófocles);
- conteúdo: o passado
heróico, a idade dos heróis, uma época em que homens e deuses estavam mais
próximos e os homens eram mais poderosos que os do presente. Tempo passado e,
geralmente, lugares distantes.
Pode se defender que a
escala e o sucesso do investimento ateniense na tragédia teve um enorme impacto
na diversidade genérica da cultura poética grega, colaborando para o declínio
de muitas outras formas de gêneros.
Teatro, mito e democracia:
segundo Vernant, o teatro olha para o passado mítico com olhos de cidadão. As
instituições políticas não são exatamente as mesmas do público contemporâneo,
mas a homólogas. O mundo do drama não é totalmente estranho. Os próprios
espectadores podem fazer a conexão com o presente (alguns anacronismos;
etiologias religiosas).
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