A
palavra judaísmo remete à tribo de Judá, sendo, por extensão, na Antiguidade,
uma religião nacional relativa à Judeia, situada ao sul de Israel.
É,
nos dias de hoje, a religião dos judeus, comunidade bastante numerosa composta
por diversas etnias, dentre elas: asquenazi, sefaradi, mizrahi, falasha, lemba,
caraíta, e até, dentre muitas outras, judeus chineses.
O
judaísmo admite a existência de um Deus único, Pai Onipotente, Rei Absoluto e,
sobretudo, Santo, e é tido como a
primeira religião monoteísta da história, versando sobre a saga do povo hebreu, o qual é compreendido, pelos seus seguidores,
como o povo eleito por Deus.
Os
fundadores do judaísmo são os patriarcas, Abraão, Isaac e Jacó, que foram
progenitores do povo hebreu. Quantos aos profetas, são aqueles que anunciam a
vontade de Deus ou que predizem o futuro.
A
origem do termo “hebreu” é controversa, mas pode derivar da palavra “avar” (passar), isto é, nômade. É também associado a Héber ou Éber, descendente de Noé por
parte da linhagem de Sem e remoto progenitor de Abraão, o fundador e pai do
povo hebreu. Outra hipótese, diz repeito a "hebher" (do outro lado), para indicar que este
povo provinha do outro lado do rio Eufrates, ou seja, estrangeiro.
A
saga do povo hebreu se inicia com Abraão, que habitava, por volta do ano 1700
a.C., a terra de Ur, na Caldeia (atual Iraque). Abraão era um homem temente a
Deus e, um dia, Deus lhe ordenou que fosse para Canaã (atual Palestina),
habitada por povos pagãos. Abraão, que não tinha herdeiros, obedeceu a Deus,
que, por sua vez, lhe prometeu que o faria pai de um grande povo do qual seus
descendentes seriam mais numerosos que as estrelas do céu. Já velho, Abraão e
sua esposa Sara, tiveram um filho, Isaque. Todavia, Deus ordenou a Abraão que sacrificasse
a criança em holocausto no alto de um monte. Com imensa dor no coração, Abraão
seguiu o rito de sacrifício quando um anjo lhe segurou a mão, impedindo que se
consumasse a imolação. Deus queria por a prova a fidelidade de seu servo.
Isaque
se casou com Rebeca e teve dois filhos gêmeos, Esaú e Jacó. No momento do
parto, Jacó segurou o calcanhar de Esaú, que nascia primeiro, como sinal de uma
rivalidade pela primogenitura que se daria mais tarde, com uma trapaça de Jacó.
Após o ardil, e receber a benção de Isaque, que estava cego e doente, Jacó fugiu
da ira de Esaú para Harã, onde morava seu tio Labão, pai de suas futuras
esposas, Leia e Raquel. Muitos anos mais tarde, Jacó, que tivera um encontro
com Deus, e mudado seu nome para Israel, procurou Esaú e, ao encontrá-lo,
implorou perdão, que lhe foi concedido. Além das esposas Leia e Raquel, Jacó teve
mais duas concubinas, Bila e Zilpa, e foi pai de treze filhos: Rúben, Simeão,
Levi, Judá, Dã, Naftali, Gade, Aser, Issacar, Zebulom, José, Benjamim e, uma
filha, Diná. Seus filhos foram os fundadores das Doze Tribos de Israel.
José,
preferido de Israel, por ser o único filho de Raquel (Benjamim ainda não havia
nascido), despertava a inveja dos irmãos. Certo dia, José sonhou que os feixes
de trigo que os irmãos seguravam se curvaram diante do seu. Os irmãos ficaram
com tanto ódio que jogaram José em um poço para depois vendê-lo a uma caravana
de ismaelitas mercadores de escravos, que o levaram para o Egito. No Egito, José
acabou preso mas, por ser muito inteligente, se tornou escriba e notório por
interpretar sonhos. Por seus méritos, foi nomeado vice-rei, após interpretar
corretamente o sonho do Faraó sobre as sete vacas gordas e espigas boas, que
representavam anos de fartura, e das sete vacas magras e sete espigas ruins,
que representavam anos de fome. Graças a sua previdência, o Egito atravessou a
crise enquanto a fome se alastrava pela Palestina. Um dia, os seus irmãos foram
ao Egito à procura de alimento. O vice-rei os reconheceu, lhes perdoou e os
convidou para morar, como súditos, no Egito, juntamente com Israel e as suas
famílias. O sonho havia se cumprido.
O
povo hebreu habitou o Egito durante cerca de 300 anos. Tornou-se numeroso,
próspero e poderoso, a ponto do Faraó sentir-se ameaçado e escravizar o povo
hebraico. Para evitar a superpopulação, o Faraó determinou a execução de todos
os filhos homens dos hebreus. Um recém-nascido, filho de Joquebede e Anrão, da
tribo de Levi, ficou escondido, mas, para não ser descoberto, sua mãe decidiu
salvá-lo colocando-o em uma cesta às margens do rio Nilo. A filha do faraó
encontrou a criança que foi, entretanto, amamentada pela ama de leite que era a
sua própria mãe, Joquebede. Depois de amamentado, o menino foi entregue novamente
à filha do Faraó, que lhe deu o nome de Moisés, “salvo das águas”, e o criou como
um nobre príncipe egípcio.
Moisés
foi escolhido por Deus para libertar seu povo da escravidão (Êxodo) e guiá-lo em
peregrinação por cerca de 40 anos no deserto, após lançar dez pragas do Egito e
abrir o Mar Vermelho para a fuga dos hebreus.
No
monte Sinai, Moisés recebeu as tábuas da lei e foi consagrada a Aliança entre
Deus e o povo hebreu. A Aliança é o ponto central de toda a história do povo
hebreu; Israel se torna oficialmente o “povo eleito”.
Moisés
então guiou o povo hebreu através do deserto em direção à Terra Prometida, a
Palestina, mas não chegou a ocupá-la. Seu sucessor, Josué venceu os povos que
ali habitavam e designou para cada tribo uma parte do território.
O
sacerdócio, entre as doze tribos de Israel, Deus escolheu a de Levi (Levitas),
sendo hereditário (Levitas).
O
período que se seguiu ao de Josué foi chamado "dos Juízes" ou chefes
que, através de lutas contínuas, defenderam e expandiram o território da nova
pátria.
A
região litorânea da Palestina era habitada pelos filisteus (fugitivos de Tróia,
1200 a. C.) que eram muito poderosos, pois possuíam armas de ferro e carros de
guerra (Idade do Ferro). Os hebreus então se uniram sob um único rei, Saul, que
depois foi substituído por Davi, ungido pelo profeta Samuel, que derrotou o
gigante Golias e, definitivamente, conquistou os filisteus. O seu filho,
Salomão, construiu o Templo de Jerusalém (900 a.C.).
Depois,
o povo de Israel se dividiu em dois reinos hostis um para com o outro. São
desse tempo os profetas que procuraram por todas as formas chamar o povo e os
reis ao caminho de Deus.
No
ano 587 a. C., Nabucodonosor, Rei da Babilônia, derrotou os hebreus, destruiu o
Templo, saqueou os objetos sagrados e sequestrou o povo, transformando-o novamente
em escravos. O “Cativeiro na Babilônia”, que durou 70 anos, teve seu fim quando
o Império Babilônico foi derrotado pelos persas liderados por Ciro, o Grande (o
único não judeu que mereceu o título de “Mashiach”). Os hebreus reconstruíram o
templo, porém permaneceram vassalos da Pérsia até o ano 331 a. C.
Alexandre
Magno, da Macedônia, conquistou um vasto território que ia da Grécia à Índia. Quando
Alexandre morreu, Ptolomeu se apoderou de Jerusalém e introduziu na Palestina a
cultura pagã da Grécia. Antíoco Epifânio, rei da Síria, descendente de Seleuco,
general de Alexandre, passou a perseguir sistematicamente os judeus, profanou o
Templo e realizou massacres.
Liderados,
a princípio, por Matatias, dos Asmoneus, e depois pela família dos Macabeus, os
judeus conquistaram Jerusalém, purificaram o Templo e restabeleceram a
autonomia e independência da Judeia. Entre os Macabeus, destacaram-se Judas,
morto gloriosamente em combate; Jonatas, feito prisioneiro e morto; e Simão,
assassinado por Ptolomeu.
Tiveram
grande influência na vida dos judeus a seita dos fariseus, dos saduceus e dos
essênios.
Na
época, rendia-se culto a Deus com orações e sacrifícios. O lugar sagrado por
excelência era o Templo de Jerusalém. Com o tempo, os judeus que se espalharam
pelo mundo passaram a construir edifícios de culto, as Sinagogas, onde os fiéis
se reuniam todos os sábados (dia festivo) para ouvir a pregação dos rabinos e
rezar.
As
Escrituras Sagradas do judaísmo é o Tanakh
(Bíblia Hebraica ou Velho Testamento), dividido pela Torah (ensinamento, lei), composto pelo Pentateuco, isto é, os
cinco livros equivalentes aos Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio;
Neviim (Profetas) que inclui os
“Profetas Anteriores”, Josué, Juízes, Samuel e Reis, os “Profetas Posteriores”,
Isaías, Jeremias, Ezequiel, e os “Doze Profetas Menores”; e Ketubim (Escritos), que reúne os Salmos,
Provérbios, Jó, Eclesiastes, Esdras e Neemias, Daniel, as Crônicas, entre
outros.
As
sinagogas guardam uma cópia das Escrituras escrita à mão e em rolos de
pergaminho. Durante os cultos, um membro da congregação faz a leitura de
trechos das passagens sagradas.
Para
a prática do judaísmo, mais importante que os textos sagrados são a
interpretação e o comentário deles, considerados revelação do próprio Deus aos
rabinos que as transmitiam oralmente até que então foram codificados por
escrito a partir do século I d.C., no chamada Talmud.
O
pecado entrou no mundo com Adão e Eva. Pecado é toda a violação da lei. A lei é
a dádiva maior que Deus fez ao seu povo. O decálogo é o seu núcleo. Nas
Escrituras e na tradição oral estão contidas as normas de comportamento para a
vida prática.
Para
um judeu, é sacrilégio pronunciar o nome de Deus (Terceiro Mandamento: “Não
pronunciarás em vão o Nome de Javé, o Senhor teu Deus”), sendo substituído por
Adonai (Senhor).
A
moral judaica consiste em ajudar os pobres, exercer a caridade e não fazer mais
mal do que o que se recebeu (olho por olho, dente por dente).
As
principais consagrações religiosas são a Páscoa ("Pessach", passagem) ou Festa da Libertação (recorda a fuga do Egito); a Festa do Tabernáculo (recorda os 40
anos passados no deserto); o Pentecostes (recorda o dom da lei do Sinai); e a
Festa da Dedicação, "Chanucá" (evoca a reconsagração do templo feita
por Judas Macabeu).
No ano 70 d.C., imperador romano Vespasiano enviou seu filho Tito contra
Jerusalém, que se rebelara contra o do domínio de Roma. Depois de um assédio
devastador, descrito pelo historiador Flávio Josefo, a cidade santa foi
destruída. Muitos dos judeus foram escravizados e outros se espalharam pelo
mundo constituindo os chamados judeus da diáspora.
O
povo hebreu espera o Messias (“Mashiach”), isto é, o “ungido”, anunciado pelos
profetas como o Salvador, descendente direto da dinastia do Rei David. Para
alguns, o Messias deverá ser um restaurador nacional, para outros, um redentor
que libertará o povo dos pecados. No Talmud,
o Messias é o líder que redimirá Israel no fim dos tempos. Ao reconstruir o
Templo em Jerusalém, os judeus dispersos pelo mundo (Diáspora) serão reunidos
no Reino de Israel, o qual os povos do mundo todo o reconhecerão. A Era Messiânica
será marcada pela justiça e paz em um mundo sem pobreza.
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