sábado, 15 de fevereiro de 2020

Pat Boone - Pioneiros do Rock'n'Roll

Com o advento da comunicação de massa e das inovações tecnológicas do início do século XX, o rock'n'roll se transformou em um grande fenômeno cultural nos anos de 1950. Gravadores magnéticos, desenvolvidos na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, foram desenvolvidos para criar a indústria fonográfica.

Pioneiros do Rock'n'Roll
Pat Boone
As novas tecnologias de produção e difusão permitiram a cantores e pequenas gravadoras gravarem composições de um modo muito simples, dinâmico e independente dos grandes conglomerados econômicos. Por exemplo, na cidade de Memphis, Sam Phillips, com poucos dólares, montou seu próprio estúdio e gravou nada mais nada menos do que Elvis Presley!

Neste contexto, Pat Boone se refere a si mesmo não como o pai e, sim, a parteira do rock'n'roll. O que ele quer dizer com isso é que suas versões de músicas de artistas como Little Richard podiam não ser tão boas quanto as originais, mas que as versões originais não podiam ser tocadas nas principais estações de rádio dos anos 50 devido ao racismo da sociedade norte-americana. Ou seja, as versões de Pat, mais palatáveis ao gosto do cidadão médio, ainda não habituado às questões relacionadas à luta pelos direitos civis, serviram de abre alas para um fenômeno musical que ainda estava em estado de gestação.

Realmente, Pat passou a maior parte do início de sua carreira fazendo cover de canções de rhythm-and-blues como "Tutti Frutti", de Little Richard. As versões de Boone, no entanto, tinham uma pegada mais pop e, portanto, digeríveis ao paladar preconceituoso do público branco da época. Por exemplo, Pat “embranqueceu” "Ain’t That a Shame" de Fats Domino. Chegou até mesmo a “corrigir” a gramática, vertendo para a “norma culta padrão” do inglês, como se pode notar no título da música, que ficou "Isn’t That a Shame".

Muito embora os críticos de música considerem hoje em dia as versões de Pat uma monstruosa apropriação cultural, o fato é que alguns artistas negros da época apreciavam essas músicas cover. O mais curioso é que se inicialmente as versões rhythm-and-blues de Pat e outros artistas brancos vendiam mais que as músicas originais, posteriormente, a partir de meados da década de 1950, as versões dos artistas negros começaram a dominar as paradas musicais. Deste modo, o sucesso das versões de artistas brancos como Pat acabou por aumentar as vendas das canções originais e tornaram cantores negros conhecidos do grande público como nunca antes.

Certa ocasião, o próprio Fats Domino, para brincar com Boone, o apresentou ao público apontando o dedo no qual portava um anel de diamantes, para em seguida acrescentar que a versão do colega branco o ajudou a comprar o tão precioso objeto.

Mais uma vez o rock’n’roll ajudou a quebrar barreiras, antes intransponíveis.

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