Existem obras que definem eras, e existe Hamlet, de William Shakespeare, que define a própria condição humana. Escrita entre 1599 e 1601, esta peça não é apenas a tragédia mais famosa do "Bardo de Avon"; ela é um labirinto psicológico que continua a desafiar leitores, atores e filósofos mais de quatro séculos após sua criação. O dilema do príncipe da Dinamarca não é apenas sobre vingança, mas sobre o peso da consciência e a paralisia diante da ação.
O Príncipe da Dinamarca e o Espectro da Vingança (Introdução)
A trama de Hamlet inicia-se com uma atmosfera de corrupção e mistério no castelo de Elsinore. O jovem príncipe retorna da Universidade de Wittenberg para encontrar seu mundo em ruínas: seu pai, o Rei Hamlet, morreu subitamente; sua mãe, Gertrudes, casou-se apressadamente com seu tio, Cláudio, que agora ocupa o trono.
A aparição do espectro do rei morto revela a verdade terrível: ele foi assassinado por Cláudio. A partir desse momento, Hamlet é incumbido de uma missão de vingança que ele, por sua natureza introspectiva e filosófica, é incapaz de executar de forma impulsiva. A palavra-chave Hamlet de William Shakespeare ressoa em cada solilóquio, transformando uma história de vingança elizabetana em um tratado sobre a existência.
🎭 A Estrutura da Tragédia: Entre o Sangue e o Pensamento
Diferente de outras tragédias de Shakespeare, como Macbeth ou Otelo, onde a ação é direta, Hamlet é marcado pelo atraso (procrastinação). A peça se divide em atos que exploram a deterioração mental do protagonista e a podridão moral da corte dinamarquesa.
A Loucura Fingida e a Realidade
Para investigar o crime de Cláudio sem levantar suspeitas imediatas, Hamlet adota uma "disposição antic", ou seja, finge estar louco.
Dualidade: A genialidade de Shakespeare reside em deixar o público na dúvida: até que ponto a loucura de Hamlet é uma estratégia e até que ponto a pressão do luto e da traição o levaram à beira da sanidade real?
Ofélia: A vítima mais trágica dessa "loucura" é Ofélia, cujo amor por Hamlet e a subsequente perda de seu pai, Polônio, a levam a um colapso mental genuíno e ao suicídio.
"O Ser ou Não Ser": O Solilóquio Mais Famoso da História
No Ato III, Cena I, encontramos o auge da reflexão filosófica de Hamlet. O monólogo que começa com "Ser ou não ser, eis a questão" não trata apenas do suicídio, mas da luta entre suportar os "golpes da fortuna" ou opor-se a eles.
O Medo do Desconhecido: Hamlet conclui que o que nos impede de abandonar a vida é o "medo de algo após a morte", o país desconhecido de onde nenhum viajante retorna.
A Paralisia da Reflexão: Ele afirma que "a consciência nos faz covardes", sugerindo que o pensamento excessivo drena a cor da resolução e impede a ação direta.
🔍 Temas Centrais em Hamlet
Para compreender a profundidade de Hamlet de William Shakespeare, é preciso analisar os pilares que sustentam a narrativa.
Corrupção e a "Podridão" na Dinamarca
"Algo está podre no reino da Dinamarca". Esta frase icônica resume o tema da corrupção política e moral. O crime de Cláudio (fratricídio) é visto como um pecado contra a natureza e a ordem divina, que contamina todo o país. O estado de Elsinore é comparado a um jardim não cuidado, cheio de ervas daninhas.
A Complexidade de Édipo e a Relação Familiar
A relação de Hamlet com sua mãe, Gertrudes, é um dos pontos mais debatidos da crítica literária. Sigmund Freud e Ernest Jones analisaram a peça sob a ótica do Complexo de Édipo, sugerindo que a hesitação de Hamlet em matar Cláudio vem do fato de o tio ter realizado os desejos reprimidos do próprio príncipe: eliminar o pai e possuir a mãe.
Espetáculo e Metalinguagem: "A Ratoeira"
Shakespeare utiliza a técnica do "teatro dentro do teatro". Hamlet contrata uma companhia de atores para encenar "O Assassinato de Gonzago", alterando partes da peça para mimetizar o crime de Cláudio.
O Objetivo: "A peça é o laço onde pegarei a consciência do rei". A reação de culpa de Cláudio ao ver o crime encenado é a prova definitiva que Hamlet buscava.
⚔️ O Desfecho Sangrento: Destino e Fatalidade
O ato final de Hamlet é uma lição sobre a inevitabilidade da morte. No famoso encontro com o coveiro, Hamlet segura a caveira de Yorick, o bobo da corte de sua infância, e percebe que, não importa a grandeza ou o crime, todos terminam no pó.
O duelo final entre Hamlet e Laertes é orquestrado por Cláudio com veneno e traição. O resultado é uma limpeza trágica: morrem Laertes, Gertrudes, Cláudio e, finalmente, Hamlet. A ordem é restaurada pelo príncipe norueguês Fortimbrás, mas a um custo humano devastador.
Perguntas Comuns sobre Hamlet de William Shakespeare
Hamlet estava realmente louco?
A maioria dos críticos acredita que Hamlet fingiu loucura como uma ferramenta tática, mas a dor profunda e o isolamento o levaram a um estado de melancolia clínica que, para olhos modernos, assemelha-se à depressão severa.
Por que Hamlet demora tanto para matar o Rei Cláudio?
Hamlet é um intelectual. Ele precisa de provas absolutas (a peça "A Ratoeira") e teme as consequências espirituais. Em um momento chave, ele deixa de matar Cláudio enquanto este reza, temendo que a alma do vilão fosse para o céu se morresse em estado de graça.
Qual a importância de Ofélia na peça?
Ofélia representa a inocência destruída pela corrupção do poder e pela brutalidade masculina. Sua trajetória serve como um contraponto à loucura calculada de Hamlet, mostrando as consequências reais da instabilidade mental e do abandono.
Conclusão: Por que ler Hamlet hoje?
Ler ou assistir a Hamlet de William Shakespeare é confrontar o espelho da nossa própria indecisão. Em um mundo de escolhas complexas, todos somos, em algum momento, Hamlet — presos entre o que devemos fazer e o que nossa consciência nos permite realizar. Shakespeare não nos dá respostas, mas formula as perguntas mais importantes sobre a vida, a morte e a dignidade.
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A ilustração apresenta um jovem nobre de aparência melancólica, vestido com trajes escuros de época medieval ou renascentista, capa longa ao vento e botas altas. Ele se encontra sobre um rochedo elevado, em postura contemplativa, segurando um crânio humano na mão esquerda — símbolo clássico da reflexão sobre a morte, a finitude da vida e o sentido da existência.
Ao redor de sua cabeça há um halo dourado, que remete tanto à sacralização do pensamento quanto ao peso moral e espiritual que recai sobre o personagem. Esse detalhe cria um contraste irônico entre santidade e dúvida, sugerindo um homem atormentado por questões éticas profundas.
No fundo da cena, envoltos por névoa azulada, surgem figuras espectrais: personagens do passado, possivelmente ligados à realeza e à família, que observam silenciosamente. Essas presenças fantasmagóricas reforçam a ideia de memória, culpa, herança e destino, elementos centrais do drama. À esquerda, um castelo sombrio se ergue sobre a paisagem, evocando poder, intriga e isolamento.
A paleta de cores frias, dominada por tons de azul e cinza, cria uma atmosfera noturna e introspectiva, enquanto a lua e os pássaros no céu intensificam o clima de inquietação. No conjunto, a imagem traduz visualmente o conflito interior entre ação e pensamento, razão e emoção, vida e morte — uma representação simbólica do drama psicológico e filosófico que atravessa a obra de Shakespeare.









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