Introdução
Drácula (1897), de Bram Stoker, é um clássico do terror gótico que, sob a superfície de uma história de vampiros, revela profundas ansiedades da era vitoriana sobre gênero e sexualidade. De uma perspectiva feminista, o romance reflete os medos patriarcais em relação à emancipação feminina, conhecida como o movimento da "Nova Mulher" (New Woman), que defendia independência, educação e direitos para as mulheres no final do século XIX. O vampirismo simboliza a sexualidade transgressora, especialmente a feminina, vista como ameaça à ordem social. Enquanto personagens como Mina Harker representam a mulher ideal – pura, submissa e útil –, outras, como Lucy Westenra e as noivas de Drácula, encarnam o perigo da libido feminina descontrolada. Essa dicotomia reforça estruturas patriarcais, punindo a expressão sexual feminina enquanto tolera inversões de gênero em homens.
O Contexto Vitoriano e a "Nova Mulher"
Na era vitoriana, as mulheres eram confinadas a papéis domésticos: virgens puras ou mães dedicadas. Qualquer desvio era visto como degeneração. Stoker, influenciado por esse conservadorismo, responde ao surgimento da Nova Mulher – feministas que questionavam o casamento obrigatório e buscavam autonomia.
Críticos como Carol A. Senf argumentam que Stoker era ambivalente: ele admira traços "masculinos" em Mina (inteligência, racionalidade), mas os justifica dizendo que ela tem "cérebro de homem". Isso reflete o medo de que mulheres independentes ameaçassem a masculinidade. O Conde Drácula, como invasor estrangeiro, simboliza não só o "outro" imperial, mas também a corrupção da feminilidade inglesa "pura".
Personagens Femininas: Anjo vs. Monstro
A análise feminista destaca a dicotomia madona/prostituta nas mulheres de Drácula.
Mina Harker: A Mulher Ideal e Proto-Feminista?
No entanto, os homens a excluem das decisões para "protegê-la", e ela aceita submissamente, reforçando o patriarcado. Sua "pureza" é restaurada ao final, tornando-a mãe. Mina não subverte totalmente o sistema; ela é útil, mas domesticada.
Lucy Westenra: A Sedutora Punida
A cena de sua estaca – penetrada por Arthur enquanto os homens observam – é carregada de erotismo violento, uma "gangbang" simbólica que restaura a ordem patriarcal. Críticos como Phyllis Roth veem isso como punição pela sexualidade transgressora.
As Noivas de Drácula: O Desejo Feminino Puro
Sexualidade, Inversão de Gêneros e o Vampirismo como Metáfora
O ato de morder o pescoço é uma metáfora sexual: penetração e troca de fluidos, evocando medos de doenças venéreas e gravidez indesejada. O vampirismo "corrompe" mulheres puras, transformando-as em predadoras sexuais – uma crítica à liberação feminina.
Há inversões: Jonathan é quase "violado" pelas noivas, assumindo passividade feminina. Drácula força Mina a beber seu sangue, invertendo a penetração. Isso reflete ansiedades sobre homossexualidade (Stoker escreveu após a prisão de Oscar Wilde) e fragilidade masculina.
Conclusão: Um Romance Misógino ou Ambíguo?
De perspectiva feminista, Drácula é conservador: pune mulheres sexualmente ativas e reforça o patriarcado, com homens restaurando a ordem via violência. No entanto, a ambivalência de Stoker – admirando inteligência feminina enquanto a contém – revela rachaduras no sistema vitoriano. Mina, em particular, antecipa mulheres modernas, usando conhecimento para sobreviver.
O legado é complexo: o romance perpetua estereótipos, mas inspira análises queer e feministas modernas. Em um mundo pós-#MeToo, Drácula nos lembra como o terror reflete medos sociais sobre gênero. Recomendo leituras como "Dracula: Stoker’s Response to the New Woman" de Carol Senf para aprofundamento.
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