sábado, 27 de junho de 2020

Xintoísmo - Série Religiões


Após a Segunda Guerra Mundial, o Imperador Hirohito aboliu o xintoísmo como religião oficial e, assim, renunciou ao direito divino atribuído aos imperadores. Desde a promulgação da Constituição japonesa de 1889, o xintoísmo havia sido declarado uma instituição governamental, com o fim de reforçar a devoção do povo ao imperador. A terrível derrota do Japão na guerra, no entanto, abalou fortemente os alicerces da identidade cultural e nacional japonesa e a nova Constituição do país outorgou a liberdade religiosa. Neste cenário, o futuro do xintoísmo se tornou bastante incerto.

Religiões - xintoísmo

De origem antiquíssima, o xintoísmo é a religião nacional do Japão. ‘Kami-no-michi”, em japonês, é o caminho dos Kami (, deuses). Xinto (em japonês: 神道, transl. Shintō) é uma palavra de origem chinesa (Shin+Tao) e significa “caminho dos deuses”.

O xintoísmo envolve a adoração dos Kami, isto é, deuses xintoístas, que podem ser definidos como espírito, essência ou divindades do céu (como o sol e a lua), mas também os deuses lendários, os espíritos do ar, da terra, da água. Esta crença se caracteriza, portanto, pelo culto à natureza, aos antepassados e pelo politeísmo panteísta (elementos, substâncias, forças e leis naturais), com forte ênfase para a pureza espiritual, e que tem como uma de suas práticas honrar e celebrar a existência dos Kami associados a múltiplos formatos, tais como animais, plantas ou coisas, montanhas, pedras, rios etc. Neste sentido, os ídolos que se encontram nos templos são as representações dos vários Kami. No entanto, no xintoísmo antigo não havia ídolos; estes foram introduzidos apenas pela influência chinesa séculos mais tarde.

No xintoísmo não há uma série de preceitos morais (obrigações e tabus). Em termos práticos, é estipulado como um valor positivo a dependência absoluta à autoridade, encarnada desde a figura do Imperador até a dos pais, superiores, mestres, professores, a qual pode levar até o sacrifício da própria vida como limite de honra.

Neste religião, não existe um mito sobre a criação do ser humano. Em sua origem, o culto era celebrado em volta da árvore Sagrada e, mais tarde, passou a ser realizado em pequenos templos. A liturgia religiosa consiste em ofertas, orações e danças. As ofertas, originalmente apenas constituídas por alimentos e bebidas, compreendem também tecidos e fitas de papel colorido.

Rigorosamente, não há noção de pecado no xintoísmo, mas de pureza ou impureza. Há rituais e cerimônias de purificação das impurezas, cometidas tanto por deuses como por pessoas. Além das impurezas em âmbito espiritual divino e individual, é também considerado impureza provocar danos contra a coletividade, como, por exemplo, depredar diques, canais, cultivos agrícolas etc. Algumas doenças como a lepra, doenças mentais e até mordidas de serpentes também são consideradas efeitos das impurezas.

O sacerdócio é hereditário e o sacerdote só se diferencia do resto da população durante os cultos e as celebrações religiosas. Com a introdução do confucionismo e do budismo no Japão, no século VI, estas religiões começaram a se interagir e o xintoísmo adquiriu preceitos morais complexos e constituiu uma doutrina em relação ao além-mundo.

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