Após
a Segunda Guerra Mundial, o Imperador Hirohito aboliu o xintoísmo como religião
oficial e, assim, renunciou ao direito divino atribuído aos imperadores. Desde
a promulgação da Constituição japonesa de 1889, o xintoísmo havia sido
declarado uma instituição governamental, com o fim de reforçar a devoção do
povo ao imperador. A terrível derrota do Japão na guerra, no entanto, abalou
fortemente os alicerces da identidade cultural e nacional japonesa e a nova
Constituição do país outorgou a liberdade religiosa. Neste cenário, o futuro do
xintoísmo se tornou bastante incerto.
De
origem antiquíssima, o xintoísmo é a religião nacional do Japão. ‘Kami-no-michi”,
em japonês, é o caminho dos Kami (神, deuses).
Xinto (em japonês: 神道,
transl. Shintō) é uma palavra de origem chinesa (Shin+Tao) e significa “caminho
dos deuses”.
O
xintoísmo envolve a adoração dos Kami, isto é, deuses xintoístas, que podem ser
definidos como espírito, essência ou divindades do céu (como o sol e a lua),
mas também os deuses lendários, os espíritos do ar, da terra, da água. Esta
crença se caracteriza, portanto, pelo culto à natureza, aos antepassados e pelo
politeísmo panteísta (elementos, substâncias, forças e leis naturais), com
forte ênfase para a pureza espiritual, e que tem como uma de suas práticas
honrar e celebrar a existência dos Kami associados a múltiplos formatos, tais
como animais, plantas ou coisas, montanhas, pedras, rios etc. Neste sentido, os
ídolos que se encontram nos templos são as representações dos vários Kami. No entanto,
no xintoísmo antigo não havia ídolos; estes foram introduzidos apenas pela
influência chinesa séculos mais tarde.
No
xintoísmo não há uma série de preceitos morais (obrigações e tabus). Em termos
práticos, é estipulado como um valor positivo a dependência absoluta à
autoridade, encarnada desde a figura do Imperador até a dos pais, superiores,
mestres, professores, a qual pode levar até o sacrifício da própria vida como
limite de honra.
Neste
religião, não existe um mito sobre a criação do ser humano. Em sua origem, o
culto era celebrado em volta da árvore Sagrada e, mais tarde, passou a ser
realizado em pequenos templos. A liturgia religiosa consiste em ofertas,
orações e danças. As ofertas, originalmente apenas constituídas por alimentos e
bebidas, compreendem também tecidos e fitas de papel colorido.
Rigorosamente,
não há noção de pecado no xintoísmo, mas de pureza ou impureza. Há rituais e
cerimônias de purificação das impurezas, cometidas tanto por deuses como por pessoas.
Além das impurezas em âmbito espiritual divino e individual, é também
considerado impureza provocar danos contra a coletividade, como, por exemplo,
depredar diques, canais, cultivos agrícolas etc. Algumas doenças como a lepra, doenças
mentais e até mordidas de serpentes também são consideradas efeitos das
impurezas.
O
sacerdócio é hereditário e o sacerdote só se diferencia do resto da população durante
os cultos e as celebrações religiosas. Com a introdução do confucionismo e do budismo
no Japão, no século VI, estas religiões começaram a se interagir e o xintoísmo
adquiriu preceitos morais complexos e constituiu uma doutrina em relação ao
além-mundo.
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