Nikola Tesla nasceu em 1856, em Smiljan, uma aldeia da Croácia. Desde tenra idade, manifestou grande precocidade inventiva. Mas, na adolescência, sofreu com diversas doenças que fizeram com que seu pai, que desejava fazer dele padre, aceitasse a sugestão do filho de que a saúde dele próprio seria restabelecida por completo caso fosse enviado para estudar em um curso de engenharia em outra cidade.
Aos completar 19 anos, seu
pai então o matriculou em uma escola técnica em Graz, na Áustria. Certo dia, um
dos professores de Tesla fez demonstrações com um motor de corrente contínua. O
jovem aluno ficou fascinado. Porém, Tesla percebeu que as escovas soltavam
muita faísca e sugeriu que seria possível construir um motor sem escovas, a fim
de evitar o contato entre o rotor central e os polos fixos externos. Um motor assim,
afirmava o estudante, não soltaria faíscas, seria mais fácil de manejar e
funcionaria como uma corrente alternada.
Apesar de ser desestimulado
pelo professor, que o assegurou que tal ideia não era possível de se realizar
na prática, Tesla não desistiu de fabricar seu o motor ideal. Após ter cursado
durante um ano a Universidade de Praga, o rapaz, por força das circunstâncias, decidiu
interromper os estudos e obter um emprego na companhia telefônica de Budapeste:
seus pais estavam sobrecarregados financeiramente para mantê-lo frequentando as
aulas. Ainda assim, nunca abandonou o objetivo de construir o motor idealizado
por ele na escola técnica e nas horas de folga trabalhava intensamente para
solucionar os problemas relativos à exequibilidade do projeto.
Certo dia, quando passeava
no parque da cidade, Tesla teve um insight: vislumbrou mentalmente o motor de
seus sonhos em todos os detalhes. Pegou um galho de árvore e desenhou na areia
o motor, alterando sucessivamente os arranques e as paradas, diante de
transeuntes que olhavam surpreendidos. Havia conseguido descobrir um método
para fazer circular uma onda de corrente alternada pela bobina ao redor do
dispositivo, de tal maneira que o motor girasse pela ação rotativa constante do
campo indutor. Tesla acrescentou uma segunda onda de corrente alternada
assíncrona, e depois uma terceira. Era quase o mesmo que acrescentar mais
cilindros a um motor, originando o sistema de transmissão polifásico.
O jovem inventor construiu o
seu modelo ideal e não se surpreendeu quando viu que este de fato funcionava na
prática. Contudo, como não encontrou na Europa quem investisse na sua invenção,
resolveu ir para a América, com uma carta de recomendação para Thomas Edison,
escrita por um engenheiro norte-americano com quem havia travado amizade. No
ultimo instante, quando corria para o trem, que o levaria ao porto de embarque,
descobriu que tinham roubado sua carteira com as passagens e todo o dinheiro da
viagem. Apesar do infortúnio, conseguiu mesmo assim embarcar para os Estados
Unidos.
No ano de 1874, chegava a
Nova York, portando apenas quatro centavos no bolso e a carta de recomendação.
Tesla obteve seu primeiro emprego na famosa usina elétrica de Edison, que,
havia dois anos, iluminava algumas centenas de edifícios de Nova York. Como
todas as usinas daquela época, esta central operava usando corrente contínua,
que podia ser transmitida apenas a curtas distâncias.
No início, Edison encarregou
o imigrante para executar tarefas sujas e pesadas. Mas a inteligência brilhante
de Tesla arrancou a seguinte confissão do patrão: “este estrangeiro é um
engenheiro de primeira plana”.
Tesla registrou em seu nome
uma série de patentes, e cerca de um ano mais tarde montou seu laboratório
particular, para a construção de motores de indução. Tesla sabia que seu motor
de corrente alternada podia funcionar com transmissões a grandes distâncias. Em
1788 apresentou ao Instituto Americano de Engenheiros Electrotécnicos uma tese
que gerou grande polêmica. Poucas pessoas aceitaram seus argumentos de que a corrente
alternada era a chave para a expansão da energia elétrica. George Westinghouse
foi exceção e resolveu adquirir o direito das patentes de Tesla, além de
contratá-lo para dirigir a construção dos novos motores e geradores de corrente
alternada.
A partir daí entrava em
curso a guerra das correntes. Edison, que era uma espécie de supervilão da
ciência, um empresário ultraganancioso que submetia tudo à sua sede de lucro,
empregou dos meios mais inescrupulosos, como experiências cruéis com animais,
para conseguir medidas legislativas que proibissem o uso da corrente alternada.
Outras pessoas, provavelmente pagas por Edison, também lembraram que a corrente
alternada estava sendo usada na nova cadeira elétrica e que sua transmissão em
fios elétricos constituiria certamente uma ameaça à população. Tesla deu a esta
última acusação uma resposta teatral, fazendo com que passassem através de seu
corpo uma corrente de 1.000.000 volts, produzindo uma cena memorável, digna de
ficção científica.
O primeiro grande triunfo de
Tesla ocorreu em 1893, quando seus geradores iluminaram intensamente 90 mil
lâmpadas instaladas na Exposição Mundial de Chicago. Enfim, os inimigos da
corrente alternada jogaram a toalha três anos depois, quando os novos geradores
de grande potência desenhados por Tesla e instalados nas Cataratas do Niágara
começaram a iluminar a cidade de Buffalo, a cerca de 36 km de distância. Tesla
venceu a guerra das correntes.
Dono de um gênio tão
universal como o de Leonardo da Vinci, Tesla foi muito versátil em várias áreas
do conhecimento científico. Fez experiências com iluminação elétrica em tubos
de gás, que foram precursores das lâmpadas de neon e luz fluorescente.
Descobriu o efeito térmico que produzem no corpo humano as ondas curtas e
sugeriu sua aplicação em certos métodos terapêuticos. Em 1793, Tesla anunciou o
princípio da sintonização do rádio e realizou várias experiências com telégrafos
sem fio. Em 1698, Tesla assombrou Nova York com um barco misterioso que
navegava sem tripulação a bordo. Tratava-se de seu famoso barco comandado por
controle remoto. Uma de suas invenções mais notáveis foi a famosa bobina de
Tesla.
A obseção de Tesla, no
entanto, era a transmissão de energia elétrica pelo “éter”, isto é, sem fios
condutores. Com o apoio financeiro de John Jacob Astor, construiu um
laboratório misterioso nas montanhas do estado de Colorado. E se bem que não
existem documentos sobre as experiências, anunciou que tinha conseguido acender
lâmpadas e acionar pequenos motores há mais de 24 km de distância do
laboratório.
Na velhice, Tesla se tornou
um recluso excêntrico e adquiriu uma estranha paixão por pombos. Durante anos, era
visto, sempre vestido de preto, com sua figura austera, transportando um
saquinho de sementes, no parque Bryant ou nos degraus da Catedral de São
Patrício, para alimentar seus estimados pássaros. Nada, porém, que desabonasse
um dos maiores gênios da humanidade de todos os tempos: o formidável Nikola
Tesla!
H.M.
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