quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Antifa e o movimento punk

O movimento Antifa pode ser descrito em termos gerais como um grupo articulado em torno de uma ideologia radical de esquerda e da prática de autodefesa, baseada na ação direta, contra grupos de extrema direita, racistas, machistas, fascistas, nazistas e neonazistas. É, portanto, uma tendência específica, dentro do movimento antifascista histórico mais amplo, estruturado numa organização horizontal e congregando-se, sob um objetivo comum, a várias bandeiras da esquerda, como o comunismo, o anarquismo, o socialismo, o antirracismo, o feminismo etc.

Símbolo antifa

Os progenitores do movimento Antifa foram grupos de esquerda alemães e italianos que, após a Primeira Guerra Mundial, se uniram para combater as gangues protofascistas. Sua origem, portanto, remonta às décadas de 1920 e 30, quando a luta contra o fascismo surgiu como uma necessidade urgente e real, diante dos ataques dos Camisas Negras, de Mussolini, e da SA, de Hitler. Na Itália, eles se reuniam sob a insígnia do Arditi del Popolo ("Ousados ​​do Povo"), enquanto na Alemanha de Weimar do Antifaschistische Aktion, de onde Antifa.



Na Alemanha, durante a ascensão e era hitlerista, os operários das principais cidades foram os que mostraram a maior capacidade de resiliência ao assédio nazista. Estes grupos, oriundos dos locais de trabalho e de conjuntos habitacionais, eram geralmente chamados de "Antifaschistische Ausschüsse", "Antifaschistische Kommittees" ou "Antifaschistische Aktion" - "Antifa". No ano de 1932, eles usaram o slogan – Antifa – enquanto orientação estratégica de frente única, numa tentativa de estabelecer aliança entre os trabalhadores comunistas e os social-democratas.

Conferência Antifaschistische Aktion em 1932
Conferência Antifaschistische Aktion em 1932.

Depois de Auschwitz e Treblinka, os antifascistas se comprometeram a lutar até a morte, caso fosse necessário, contra grupos neonazistas que, porventura, dessem as caras.

Parte do objetivo da Antifa é constituir uma continuidade histórica de resistência à violência no tocante à extrema-direita e fomentar uma organização de autodefesa coletiva diante da ameaça fascista.

No final dos anos setenta, a cena punk e hardcore tornou-se palco do confronto aberto entre movimentos de esquerda, notadamente anarquistas, e grupos neonazistas. Na Holanda e Alemanha, squaters ou ocupas (grupos que ocupam imóveis) conhecidos como Autonomen foram pioneiros no método Black Bloc: mascarados de roupas negras que são a linha de frente nas manifestações populares.

Reunião com manifestantes antifa

Mas nem sempre as coisas foram tão simples assim na cena underground. Às vezes, skinheads nazistas ocasionalmente invadiam shows de bandas como Black Flag, Minutemen, Fugazi, entre outras, pisoteavam em seus fãs e, por fim, faziam a saudação característica a Hitler. Além disso, muitos punks ostentavam a suástica para chocar e provocar, tais como Sid Vicious e Siouxsie Sioux, embora não fossem de fato neonazistas.

Em 1980, gangs punks passaram a praticar uma violência gratuita que mais lembrava os fascistas do que aqueles que deviam combatê-los, o que motivou Jello Biafra, do Dead Kennedys, a dizer: "Alguns deles não parecem estar lá para curtir o show; eles parecem estar lá mais para brigar e bater nas pessoas, de uma maneira realmente frívola". Em resposta, no ano de 1981, os Dead Kennedys lançaram um clássico do hardcore: "Nazi Punks Fuck Off".

Atualmente, grupos de imigrantes, feministas, riot grrrl, punks e skinheads (de esquerda, como red skin e sharp) mobilizam-se em diferentes momentos e lugares para defender e lutar em nome da Antifa.

Símbolo skinheads antifas


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